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Cinco caminhos para ampliar a produção integrada no Brasil

Cinco caminhos para ampliar a produção integrada no BrasilIntegração já é vantajosa, especialmente na Amazônia e Cerrado. Foto: Senar

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Por André Garcia

A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) pode ser até 41 vezes mais lucrativa que os sistemas tradicionais de produção na Amazônia e no Cerrado. Hoje, a estratégia ocupa 17 milhões de hectares no Brasil, segundo a Rede ILPF, o que equivale a 7% de toda a área usada pela agropecuária.

Apesar dos resultados expressivos, uma pesquisa realizada pela Embrapa e pelo Banco Mundial aponta que a ILPF tem potencial para crescer ainda mais e se tornar uma das principais forças da produção brasileira. O estudo identifica cinco caminhos para acelerar a adoção desse modelo, aumentando a competitividade do agronegócio.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Júlio César Reis, a identificação dessas necessidades não deve ser vista como um problema, mas como uma oportunidade de fortalecimento da produção brasileira.

“Ao apontar não apenas o potencial como, também barreiras para a adoção e lacunas de conhecimento sobre os sistemas de ILPF e os SAFs, esperamos que esta síntese possa estimular uma agenda de pesquisa que leve à construção de um banco de dados econômicos, sociais e ambientais robustos sobre esses sistemas no Brasil”, diz.

Crédito alinhado à realidade do produtor

Hoje, programas como o Plano Safra e o Plano ABC já oferecem financiamentos a juros mais baixos para investimentos em diversificação produtiva, mas ainda estão focados em resultados anuais. A proposta é que os mecanismos de crédito passem a considerar ganhos econômicos, sociais e ambientais de longo prazo, dando mais segurança ao produtor para planejar seus investimentos.

Valorização dos serviços ambientais

O estudo também aponta oportunidades ligadas à Política Nacional de Pagamentos por Serviços Ambientais (Lei 14.119/2021). A regulamentação dessa lei será fundamental para recompensar financeiramente produtores que conservam recursos naturais, mantêm florestas em pé e contribuem para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Assistência técnica e capacitação

A pesquisa recomenda o fortalecimento de programas de assistência técnica, com ampliação dos recursos da Agência Nacional de Extensão Rural (Anater) e a implementação efetiva da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural.
Outra proposta é vincular o acesso ao crédito rural à prestação de assistência técnica, garantindo que os produtores tenham acompanhamento especializado durante a implantação, reduzindo riscos e aumentando a produtividade.

Infraestrutura e novos mercados

O crescimento da ILPF também depende de melhorias na infraestrutura de transporte e escoamento da produção, principalmente em regiões distantes dos polos consolidados de soja e milho no Cerrado. Investimentos em ferrovias e hidrovias são estratégicos para aumentar a competitividade, reduzir custos logísticos e abrir novos mercados para produtos oriundos de sistemas integrados.

Construção de conhecimento

Os pesquisadores identificaram a necessidade de ampliar a base de dados sobre ILPF e SAFs no Brasil. A criação de um banco de informações econômicas, sociais e ambientais robusto ajudaria na formulação de políticas públicas mais eficazes e na tomada de decisão por parte dos produtores.

Sem tempo para esperar

Os ajustes em crédito, infraestrutura e políticas públicas são essenciais para ampliar a adoção da ILPF, mas o produtor não precisa esperar todas essas mudanças para começar a colher benefícios. O estudo da Embrapa mostra que a integração já se destaca como uma estratégia financeiramente vantajosa.

No sistema analisado em Nova Xavantina (ILPF-C), no Cerrado, o lucro bruto foi 8% maior que o de uma fazenda de lavoura em grande escala e mais que o dobro do obtido na pecuária extensiva. Quando comparado aos sistemas tradicionais, o modelo apresentou um Valor Presente Líquido Anual 41 vezes superior ao da pecuária.

“As informações sobre o desempenho econômico de sistemas integrados de produção na Amazônia e no Cerrado servirão de subsídio para as políticas do Banco Mundial. Além disso, podem contribuir para inserir esses sistemas nas políticas nacionais de crédito, como o Plano Safra da Agricultura Familiar”, conclui Valentim.

 

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