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ILPF muda realidade de propriedade que seria arrendada

ILPF muda realidade de propriedade que seria arrendadaOs animais vão engordar mais rápido e com melhor qualidade. Foto: Embrapa

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Por André Garcia

Perto de arrendar suas terras, o pecuarista Émerson Cheres da Silva encontrou na Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) as respostas que precisava para conseguir ampliar e diversificar a renda no Sítio Nossa Senhora Aparecida, localizado em Guia Lopes da Laguna (MS).

Com suporte técnico e incentivo ao uso de tecnologia garantidos pela Embrapa e pela Rede ILPF, Silva iniciou em dezembro o plantio de mudas florestais e agora, em fevereiro, já terá uma área boa para pastejo disponível para o gado. A expectativa é dobrar o número de cabeças na área de cerca de 20 hectares.

“Eu ia arrendar aqui porque eu não dava conta de fazer.  Aí, por causa das minhas árvores, que eu não queria derrubar, eu entrei nesse projeto. Ao invés de derrubar, vou plantar mais árvores, porque acredito que o animal precisa da sombra também”, conta.

De acordo com a Embrapa, o sistema ILPF é mais vantajoso que o plantio de uma única cultura porque permite usar melhor os insumos e os recursos naturais. No Sítio Nossa Senhora Aparecida, o plantio da pastagem foi consorciado com leguminosa, o que ajudará a manter o solo mais fértil, proporcionando capim mais nutritivo para os bois.

Desta forma, os animais vão engordar mais rápido e com melhor qualidade, reduzindo o tempo necessário para o abate. Além disso, a presença de árvores no sistema ILPF também reduz o estresse térmico para os animais, o que, como já mostramos, aumenta a produtividade e diminui problemas de saúde.

“Isso mudou muito e eu estou vendo agora o retorno da pastagem nova que nós plantamos. Eu tinha um número de gado que eu podia manter, porque a terra não tinha adubação. Hoje, corrigindo a minha terra, eu vou pelo menos dobrar a quantidade de animais que eu tinha”, explica Émerson.

Baseado no projeto SustentAgro, financiado pelo Land Innovation Fund (LIF), o trabalho também contou com suporte da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), o que garantiu a outros lotes da região a mecanização e a adubação de correção.

Os resultados de todas estas estratégias também devem ser potencializados pela localização estratégica de Guia Lopes da Laguna. Distante 232 km de Campo Grande, o município é cercado por lavouras de soja e milho e deve se consolidar como polo de pecuária de corte extensiva, principalmente porque conta com um grande frigorífico.

Tecnologia

A Embrapa reforça que a implantação de sistemas de integração leva junto o interesse por ferramentas digitais de apoio ao monitoramento das fazendas.  Segundo os pesquisadores, este também é caminho para o acesso a políticas públicas e a iniciativas de criação de selo de sustentabilidade e certificação de comércio justo na região.

“É incorreto acreditar que só as grandes propriedades dotadas de maquinário e implementos podem se beneficiar com o manejo integrado. Mesmo sem esses equipamentos, as pequenas propriedades podem melhorar sua rentabilidade”, explica Gabriel Ragalzi, técnico responsável pelo projeto de reestruturação dos sítios.

No caso de Émerson, por enquanto, apenas o uso do celular tem feito parte do dia-a-dia, mas o produtor espera impulsionar a atividade a partir do acesso a aplicativos para administrar a propriedade e comercializar a produção.

“Eu acho que o digital vai ser muito bom para vender os animais, mesmo para o manejo. Isso ajuda muito porque de casa você vai saber a hora que tem que manejar tudo. Eu nunca trabalhei com isso, mas a gente ouve falar e tenho certeza que vai dar certo”, finaliza o pecuarista.

 

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