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Investimento de R$ 2,7 bi em ações para escoamento da safra contempla rodovias em MT

Investimento de R$ 2,7 bi em ações para escoamento da safra contempla rodovias em MTEm 2021, o custo operacional do transporte foi de 31,8%. Foto: Reprodução

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Por André Garcia

O Governo Federal estabeleceu 39 ações para facilitar o escoamento da safra 2022/23, que já começou a ser colhida e deve se intensificar na segunda quinzena de fevereiro. A expectativa é que, até o fim do ano, sejam aplicados R$ 2,7 bilhões em obras, manutenção e entregas em todo país. Para Mato Grosso, os investimentos previstos são de R$ 500 milhões e incluem intervenções em 51 km da BR 163 e em 565 km da BR 364.

O anúncio foi feito na terça-feira, 7/2, pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, em fala sobre a  retomada de obras, o lançamento de novas licitações e a assinatura de ordens de serviço para as principais rotas brasileiras. Os esforços, segundo ele, estão alinhados ao Plano de 100 Dias, que estabelece prioridades nos setores rodoviário e ferroviário e conta com cerca de R$ 1,7 bilhão para melhorar a logística no país em curto prazo.

“Todas as rodovias principais estão elencadas para receber investimentos. Nossas rodovias vão deixar de piorar e vão passar a melhorar”, afirmou.

Na ocasião, o  ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, lembrou que  as más condições das estradasencarecem o frete,  refletindo na competitividade e no preço das commodities brasileiras. Para se ter ideia, no ano passado, o custo operacional do transporte foi de 31,8%.

“Quando falamos de safra recorde, de 310 milhões de toneladas, estamos falando de grãos, mas o agro produz muito mais que isso. Certamente passa de 1 bilhão, então esse número nos ajuda a dimensionar o impacto da infraestrutura no escoamento e armazenamento da safra”, disse Fávaro.

Assim, de acordo com o Ministério dos Transportes, o Arco Norte entrou na lista de prioridades do Governo devido à ampliação de sua participação nas exportações nos últimos anos. Entre 2017 e 2022, a porcentagem foi de 26% para 38%, tendência de aumento que deve ser mantida. Só na via BR-163/MT/PA-Tapajós-Santarém-Vila do Conde, por exemplo, é esperado o escoamento de 18 milhões de toneladas pela rota que leva aos terminais portuários do Pará.

Crédito: Ministério dos Transportes

Outras rotas do Arco Norte que tem recebido atenção da Pasta são o corredor da BR-364/MT/RO-Madeira-Itacoatiara, por onde passarão cerca de 12 milhões de toneladas da safra; o corredor da BR-155/158/Ferrovia Norte Sul-Estrada de Ferro Carajás-Itaqui, com expectativa de 9 milhões de toneladas; o corredor da BR-135/BA/PI/MA-Itaqui, com 8 milhões de toneladas e o corredor da BR-242/BA-Salvador, com 5 milhões de toneladas.

Já para o Corredor Sul-Sudeste estão previstas entregas em rodovias como a BR-470/SC, a BR-116/RS e a BR-163/PR, além do investimento na manutenção de corredores como BR-163/MT/MS/PR/SC, BR-262/MG/ES e BR-376/MS/PR.

Exportações

Neste contexto, o Ministério dos Transportes mapeou os principais problemas que atingem as rodovias federais. Até abril, são prioridade intervenções nas estradas que garantem as exportações pelo Arco Norte, em especial os portos de Santarém (PA), Vila do Conde (PA) e Itaqui (MA), e do Corredor Sudeste, pelos terminais de Santos (SP) e Vitória (ES).

Vale destacar que o escoamento será intensificado nas próximas semanas, atingindo seu pico entre março e abril. A expectativa é de que 141 milhões de toneladas de produtos agrários sejam destinados ao comércio exterior neste ano. Esse volume corresponde a 48% das exportações e é capaz de alimentar até 800 milhões de pessoas, ou 10% da população mundial.

Cenário mato-grossense 

Recentemente a Pesquisa de Rodovias da Confederação Nacional dos Transportes (CNT)  mostrou que 79,3% das vias que cortam o território estadual são consideradas regulares, ruins ou péssimas. É por meio delas que serão transportados nos próximos meses cerca de 90 milhões de toneladas de grãos, segundo estimativa do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA).

Conforme o levantamento da ANTT, os investimentos necessários para reverter o cenário e recuperar as estradas com ações emergenciais, de restauração e de reconstrução são estimados em R$ 3,60 bilhões só em Mato Grosso.