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Má qualidade das estradas causa prejuízo de R$ 16 bi por ano ao agro

Má qualidade das estradas causa prejuízo de R$ 16 bi por ano ao agroApenas 15% das estradas mantêm condições de trafegabilidade. Foto: Sinfra-MT

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Por André Garcia

Com 2,2 milhões de quilômetros de vias rurais, o Brasil gasta mais de R$ 16 bilhões por ano com buracos, lama e vias sem manutenção. O valor é três vezes maior que o necessário para resolver o problema, segundo estudo da ESALQ-LOG/USP e da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

De acordo com o estudo, um investimento de R$ 4,9 bilhões por ano seria suficiente para adequar 177 mil quilômetros de estradas terciárias em regiões classificadas como altamente prioritárias, com custo anual de R$ 35 mil por quilômetro para manutenção.

“O investimento não é apenas viável, é estratégico. Estamos falando de um valor que representa menos de um terço do prejuízo anual. Com esse aporte, seria possível melhorar a qualidade de vida da população rural e garantir o escoamento de alimentos com mais segurança e eficiência”, pontua Elisângela Pereira Lopes, assessora técnica da CNA.

O levantamento mapeou 557 microrregiões e revelou que apenas 15% das estradas vicinais do país estão classificadas ou mantêm condições mínimas de trafegabilidade.

“Apenas 12,5% das estradas brasileiras são pavimentadas atualmente. Precisamos voltar as atenções para essas estradas que são esquecidas nos planos de governo”, reforça Elisângela.

Caminho do progresso

Investir em estradas rurais significa muito mais do que reduzir custos logísticos: é garantir o escoamento da produção e, ao mesmo tempo, melhorar a vida de quem vive no campo. Com vias em melhores condições, há menos desperdício de alimentos, maior eficiência energética e mais segurança no transporte de pessoas e insumos.

O desafio é grande. Para levar todas as 367 mil estradas terciárias do país a um padrão mínimo de trafegabilidade, o investimento necessário sobe para R$ 10 bilhões por ano. Já para alcançar o padrão superior de qualidade — com pavimentação, drenagem e manutenção contínua — seria preciso um aporte de R$ 12,6 bilhões anuais, o equivalente a R$ 131 mil por quilômetro.

Reduzindo emissões de CO₂

No ano em que o Brasil sedia a COP30, os dados da pesquisa reforçam que a melhoria da infraestrutura também é uma pauta ambiental. Segundo o estudo, se todas as estradas vicinais do país atingissem padrão de alta qualidade, seria possível reduzir em cerca de 1 milhão de toneladas por ano as emissões de CO₂.

Isso porque, além de encarecer o transporte da produção, a precariedade das estradas rurais também gera desperdício energético e maior emissão de gases de efeito estufa, já que os veículos consomem mais combustível nas vias esburacadas e sem manutenção.

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