Por André Garcia
A pecuária regenerativa vem ganhando espaço no Brasil como modelo de competitividade. E não é à toa: fazendas que adotam práticas de regeneração já registram aumento de até 15% na margem de lucro, enquanto conquistam espaço em mercados que exigem carne de qualidade e rastreabilidade.
É o que explica o gestor de fazendas de corte Rodrigo Gennari, ao destacar que a força do movimento está justamente na sua capacidade de transformar desafios ambientais em oportunidades de negócio. Atualmente ele faz parte da equipe do Programa Fazenda 10, da Produzindo Certo, plataforma de diagnóstico e monitoramento de produção.
“É considerado uma tendência, pois visa tratar o sistema e ajuda na mitigação, ou seja, na remoção de carbono. Assim, ajuda no combate às mudanças climáticas, torna a propriedade mais sustentável e mais rentável, pois uma fazenda que visa índices sustentáveis também consegue produzir mais com menos”, explica.
Práticas que fazem a diferença
Na prática, esse novo modelo se apoia em técnicas que fortalecem o solo. Entre elas, estão o pastejo rotacionado, a adubação equilibrada, a cobertura do solo e a integração lavoura-pecuária (ILP). Esse conjunto de ações promove solos mais férteis, maior biodiversidade e bem-estar animal, reduzindo perdas e a necessidade de medicamentos.
“Um exemplo é o pastejo rotacionado, que consiste em dividir o pasto em áreas menores para permitir um manejo planejado do rebanho. Essa prática favorece a recuperação e o descanso da vegetação, evita o sobrepastejo, aumenta o teor de matéria orgânica no solo e estimula o desenvolvimento de raízes mais profundas”, diz Rodrigo.

Rodrigo Gennari. Foto: Divulgação
Mais margem e menos custo
Outro modelo regenerativo é o sistema integração lavoura-pecuária (ILP) que, em uma das propriedades do Programa Fazenda Nota 10 combina o cultivo de milho e soja com pasto. Antes, 70% do investimento era destinado a insumos para o rebanho, principalmente nutrição no cocho, enquanto apenas 30% iam para a pastagem.
Ao utilizar o método de gestão com base na comparação do Benchmarking do Instituto Inttegra, percebeu que essa distribuição estava desproporcional. Assim, inverteu a lógica: passou a investir 70% na pastagem e no sistema ILP, e 30% nos insumos do rebanho, priorizando o manejo das áreas de pastagem.
“Com isso, a fazenda teve aumento da margem final em 15%. Ou seja, fazendas que fazem gestão, olham os números, aplicam ações de sustentabilidade e saúde e bem-estar animal, são mais rentáveis”, acrescenta o especialista.
Oportunidades de negócio
Os mercados vêm impulsionando essa transformação. A demanda crescente por rastreabilidade e qualidade abriu espaço para certificações, melhoramento genético e linhas especiais, como a “Carne Carbono Neutro”, que pode ser vendida até 20% mais cara que a convencional.
“Fazendas que ingressaram no método inovador de sustentabilidade e pecuária regenerativa estão e estarão à frente no mercado, estando aptas a um novo padrão de competitividade”, destaca Gennari ao ressaltar que os produtores que se anteciparem estarão em vantagem nos próximos anos.
Além das práticas de manejo, tecnologias como drones, inteligência artificial, sensores eletrônicos e modelos climáticos já fazem parte dessa nova realidade. Com isso a combinação de gestão, sustentabilidade e inovação aponta para um futuro em que produzir carne de qualidade e regenerar o solo caminham lado a lado.
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