HomeEconomiaCOP30

MT leva pacote sustentável à COP30 e mira mercado de carbono

MT leva pacote sustentável à COP30 e mira mercado de carbonoCarta de intenções assinada com a Coalizão LEAF. Foto: Reprodução

A supremacia da soja brasileira é destaque internacional
PIB do agronegócio teve queda de 2,99% no ano passado
BNDES libera mais R$ 4,8 bilhões para crédito rural

Por André Garcia

Apesar dos desafios ambientais que ainda enfrenta, Mato Grosso mostra na COP30, em Belém (PA), uma série de avanços sustentáveis do agronegócio. De olho em oportunidades de mercado e financiamento climático, o objetivo é abrir caminho para a venda de créditos de carbono e para a recuperação de áreas degradadas.

A principal novidade é a carta de intenções assinada com a Coalizão LEAF – iniciativa internacional que reúne governos e grandes corporações interessadas em comprar créditos de carbono de alta integridade.

Como parte do acordo, o governo de Mato Grosso se compromete a implementar as estruturas necessárias para a futura comercialização de suas reduções de emissões e a conduzir processos transparentes de consulta, às partes interessadas, para desenvolver mecanismos equitativos de compartilhamento de benefícios.

“O financiamento de qualquer acordo futuro com a LEAF chegará às comunidades na linha de frente da luta contra a perda florestal e também ajudará a financiar o desenvolvimento de cadeias de suprimentos de commodities livres de desmatamento e conversão”, afirmou a secretária de Estado de Meio Ambiente, Mauren Lazzaretti.

Monitoramento por satélite

Para sustentar a integridade desses créditos, Mato Grosso apresentou também o projeto piloto de monitoramento geoespacial, conduzido pela SCCON em parceria com o Programa Brasil Mais, da Polícia Federal.

O estado foi o único da Amazônia Legal selecionado para testar a tecnologia, que utiliza imagens diárias de satélite com alta resolução para detectar mudanças na cobertura vegetal e estimar indicadores como carbono, altura das árvores e cobertura de copa. O piloto não gera custos para o estado.

Todos Pelo Araguaia

Na ocasião, também foi apresentado o programa Todos pelo Araguaia, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), em parceria com o KFW – Banco de Desenvolvimento da Alemanha, Serviço Florestal Brasileiro e o Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura.

Desenvolvido em 12 municípios de Mato Grosso, o programa prevê a recuperação de 5,2 mil hectares de áreas degradadas em propriedades rurais localizadas na bacia do Alto Araguaia. O primeiro lote estabeleceu a recuperação de 212 hectares e o segundo, lançado este mês, prevê a recuperação de mais 420 hectares.

Resultado histórico contra o fogo

A redução das queimadas impulsiona as ambições mato-grossenses. Entre julho e outubro deste ano, foi registrado o menor índice de focos de calor de toda a série histórica do Inpe, que começou em 1998. Os números resultam do envolvimento entre governo, setor produtivo e instituições de pesquisa.

“Não tenho dúvidas que esses resultados são da parceria, da integração de vários entes, especialmente do produtor rural, na prevenção e combate aos incêndios florestais”, ressaltou o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Flávio Gledson Vieira Bezerra, ao explicar que o desempenho não está relacionado ao volume de chuvas.

Resultados foram apresentados na primeira semana da Conferência. Foto: Consórcio Amazônia Legal

Avanço da pecuária sustentável

O programa Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS) mostra que o estado tem a fórmula para aliar produção e conservação. A iniciativa, apresentada na Conferência, reúne ciência, gestão ambiental e práticas produtivas para melhorar a sustentabilidade das propriedades, garantindo suporte às decisões dos produtores.

Executado por Famato, Senar e Embrapa Pantanal, com apoio da Sema e da Sedec, o projeto é apontado pelo governo como ferramenta para ampliar a credibilidade da pecuária pantaneira no mercado. Já são 81 fazendas participantes e mais de 400 mil hectares monitorados, com meta de alcançar 1 milhão de hectares.

 

LEIA MAIS:

COP30: quatro caminhos para uma pecuária mais resiliente

COP30: financiamento à pecuária que conserva é urgente

Bioeconomia avança na COP30 e traz oportunidades ao agro

COP30: Exploração sustentável da Amazônia pode gerar R$ 40 bi ao PIB

COP30: Nestlé firma acordo para acelerar agricultura regenerativa

Agrizone mostra na COP30 que agro sustentável já está em campo

Como o Brasil quer recuperar 40 milhões de hectares degradados

Brasil pode reduzir até 92,6% das emissões da carne até 2050

Fazenda Pantaneira Sustentável receberá R$ 20 mi em investimentos