Os impactos econômicos da crise climática podem causar uma queda de até 18% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil até 2050, segundo um novo estudo do grupo de consultoria Boston Consulting Group (BCG). Para se ter uma ideia, nosso país está apenas um ponto atrás da região do Oriente Médio (-19%), que engloba 17 países. Ficando à frente de continentes inteiros como Ásia e África (-16% ambos), e Europa (-9%), além da América Latina (-14%).
O levantamento alerta que, se nada for feito, a economia brasileira será duramente afetada por eventos climáticos extremos, como secas, enchentes, queimadas e outros desastres naturais. A má noítcia é que ela já está sendo afetada.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), eventos climáticos intensos, como seca e indundações, derrubaram 3,2% do PIB do agronegócio em 2024. De acordo com relatório, o número representa a maior queda desde 2016 (-5,2%).
Apesar da urgência, o investimento global em soluções climáticas ainda é muito baixo. Apenas 1% do PIB mundial (cerca de US$ 1,2 trilhão) é destinado anualmente a ações para diminuir riscos, como redução de emissões e transição para energias limpas. Segundo o estudo, seria necessário multiplicar esses investimentos em nove vezes para diminuir e treze vezes para adaptação até 2050, caso o mundo queira reduzir os riscos.
Mesmo diante de um cenário de perdas, o relatório destaca que há oportunidades. O próprio BCG estima que o Brasil poderia atrair até US$ 3 trilhões em investimentos sustentáveis até 20250, desde que implemente melhorias em infraestrutura, legislação e instrumentos financeiros voltados à economia de baixo carbono.
“A ação climática é essencial não apenas para proteger o meio ambiente, mas para evitar danos econômicos severos. Parafraseando a primeira carta do presidente da COP30, a mudança é inevitável – seja por escolha ou por catástrofe”, analisa Ricardo Pierozzi, diretor executivo e sócio do BCG.
Outro dado que reforça o alerta vem do WRI (World Resources Institute): cada US$ 1 investido em adaptação climática pode gerar mais de US$ 10 em benefícios econômicos ao longo de 10 anos.
Diante desse cenário, o BCG recomenda que países abandonem decisões imediatistas e construam soluções de longo prazo, com base em acordos internacionais, como as COPs. O relatório também destaca a importância de garantir justiça social e de compreender melhor os riscos climáticos para direcionar políticas públicas e investimentos com mais eficácia.
Veja a projeção do BCG de redução do PIB por mercado até 2050:
- Oriente Médio: -19%
- Brasil: -18%
- Índia: -17%
- Ásia: -16%
- África: -16%
- Austrália: -15%
- China: -14%
- América Latina: -14%
- Estados Unidos: -10%
- Europa: -9%
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