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Pecuária perde R$ 27 bi ao ano com pastos mal aproveitados

Pecuária perde R$ 27 bi ao ano com pastos mal aproveitadosAbertura de novas áreas ainda tem sido o caminho mais adotado.Foto: Reprodução/Embrapa

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Por André Garcia

Enquanto a produtividade da pecuária brasileira avança com novas tecnologias, o desperdício provocado pelas pastagens degradadas ainda prejudica os produtores:  em um ano, a baixa qualidade dos pastos causou prejuízos estimados em R$ 27 bilhões, valor equivalente a 13% de todo o faturamento do setor.
O dado, referente ao período de 2023, faz parte de estudo do projeto Amazônia 2030, que analisou duas décadas de expansão da atividade no Brasil. O relatório destaca que, apesar de ocupar 64% da área agropecuária nacional, a pecuária bovina respondeu por apenas 17% do valor bruto da produção em 2023.
Além disso, 64% das pastagens brasileiras, o equivalente a 105 milhões de hectares, apresentam vigor baixo ou intermediário.
Para os autores, além do impacto ambiental, o problema representa uma escolha economicamente ineficiente.
“A baixa produtividade das pastagens não se justifica frente ao potencial de retorno da reforma. Apenas 45% das áreas de pastagem abertas entre 2000 e 2023 estavam com alto vigor em 2023”, destaca o relatório.

Recuperação ainda é exceção

O estudo mostra que, entre 2000 e 2023, os produtores brasileiros desmataram uma área equivalente a um hectare para cada hectare de pasto reformado — na Amazônia, a média chegou a 2,35 hectares desmatados por hectare reformado. Isso indica que, mesmo com todo o avanço tecnológico, a abertura de novas áreas ainda tem sido o caminho mais adotado.
Para além do prejuízo econômico, essa situação também impacta diretamente as emissões de gases de efeito estufa (GEE): em 2021, a pecuária foi responsável por 51% das emissões nacionais, em grande parte devido ao desmatamento associado à formação de novas pastagens.

Crédito sem assistência técnica

Outro fator que contribui para esse cenário é a destinação do crédito rural. Embora os recursos para a pecuária estejam em crescimento, eles ainda são majoritariamente voltados à compra de gado, e não à recuperação dos pastos. Contudo, só a liberação do crédito não garante o aumento da produtividade, especialmente se não houver assistência técnica aos produtores.

“Para transformar esse cenário, é necessário vincular o crédito a metas de desempenho produtivo e ambiental”, afirmam os pesquisadores.

Diante disso, eles defendem a ampliação de programas de assistência, o redirecionamento de recursos e o fortalecimento da fiscalização ambiental como estratégias centrais para destravar o potencial econômico da pecuária.

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