Por André Garcia
Lideranças dos principais estados produtores de gado do País se reuniram em Brasília, nesta quinta-feira (25/9), para lançar o movimento Pecuária Tropical pelo Clima, reforçando compromissos com a produção sustentável, a rastreabilidade e o combate ao desmatamento ilegal.
No encontro, que marcou a primeira reunião da União Nacional da Pecuária (UNAPEC), foi lançada Carta Aberta da Pecuária pelo Clima.
“Fomos pioneiros em regiões distantes, abrimos caminhos, formamos comunidades e alimentamos o país. Hoje, diante dos desafios de um mundo em transformação, escolhemos assumir novos compromissos — com nossa cultura pastoril, com nossos princípios e com a defesa intransigente da natureza que nos sustenta”, diz a carta.
O documento traz oito compromissos, incluindo o combate ao desmatamento ilegal, a adoção de práticas produtivas de baixa emissão e a valorização da diversidade dos biomas brasileiros. Além disso, prevê o fortalecimento da rastreabilidade e da transparência como ferramentas essenciais para acessar mercados sustentáveis.
“Estamos comprometidos com um modelo de pecuária tropical como aliada na construção de um Brasil mais sustentável, competitivo e generoso com as próximas gerações”, afirmam os pecuaristas signatários.
Os pecuaristas destacaram ainda os desafios que precisam ser superados, como a falta de infraestrutura, a insegurança jurídica e as barreiras comerciais impostas ao setor. Para eles, a pecuária tropical brasileira precisa ser reconhecida em sua diversidade, com métricas adequadas e políticas que valorizem sua contribuição ambiental.
Marcha pelo clima
Para o pecuarista Raul Almeida Moraes Neto, do Vale do Araguaia, em Mato Grosso, o setor precisa de acesso a crédito, com juros e prazos adequados, “para recuperar o pasto e o solo”. O movimento entende que, assim como em outros momentos da história do país, o setor precisará de incentivos.
“Na realidade, nós precisamos fazer uma reunião de esforços entre produtores, governo e mercado. O mesmo esforço que foi feito para a marcha para o Oeste, nós vamos fazer a Marcha pelo clima”, afirmou Moraes em entrevista ao Agfeed.
Ele se refere ao movimento de famílias do Sul do Brasil, especialmente, que seguiram para Mato Grosso e outras regiões do Cerrado, para iniciar a produção agropecuária nessas regiões décadas atrás. “Marcha para o Oeste” era o nome da política implementada por Getúlio Vargas a partir de 1938 para ocupar o País.
União Nacional da Pecuária
A UNAPEC surgiu da aproximação entre associações de criadores de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e hoje já reúne entidades de oito estados, incluindo Rondônia, Pará, Tocantins, Goiás, São Paulo e Paraná. Segundo o presidente da entidade, Guilherme Bumlai, da Acrissul, o objetivo é fazer com que o setor “se comunique fora da bolha”.
“É um passo decisivo para mostrar que a pecuária brasileira é protagonista. A UNAPEC, nasce para unir forças, defender o produtor e ao mesmo tempo mostrar que somos parte da solução climática e da construção de um futuro mais sustentável e propero para todos”, explicou.
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