HomeEcologiaEconomia

Produção de cacau em SAFs tem investimento de R$ 100 mi

Produção de cacau em SAFs tem investimento de R$ 100 miFinanciamento garantirá assistência técnica e escoamento. Foto: Divulgação/Belterra

Boas práticas de integridade dão prêmio a empresas e cooperativas
Câmara Temática de Agrocarbono Sustentável começa em março
Com diretrizes próprias, agro é peça-chave no Plano Clima

Por André Garcia

Com investimento de R$ 100 milhões, um projeto do Grupo Belterra vai transformar 2,75 mil hectares de áreas degradadas em polos produtivos em Mato Grosso e outros três estados.  A aposta é na produção de cacau em sistemas agroflorestais (SAFs) para gerar renda ao produtor, recuperar o solo e capturar carbono.

O financiamento, aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), será viabilizado com recursos do Fundo Clima. A proposta conta ainda com aporte de R$ 15 milhões em recursos próprios do Grupo Belterra e mais R$ 20 milhões captados junto ao Amazon Biodiversity Fund (ABF).

De acordo com o CEO da Belterra, Valmir Ortega, o modelo de negócio busca superar os principais desafios para a implantação deste tipo projeto: acesso a financiamento, assistência técnica para a implantação do SAF e garantia de escoamento da produção, o que confere maior previsibilidade em relação à geração de renda.

“São empreendidos esforços para conectar a produção à demanda de grandes empresas do setor alimentício. Essa abordagem viabiliza a reparação dos danos ambientais e a restauração das terras degradadas, ao mesmo tempo em que traz sustentabilidade econômica para o agricultor”, explica.

Cacau em foco

Serão 2,9 milhões de mudas plantadas, com o cacau no papel principal. De ciclo longo e produção a partir do terceiro ano, a cultura tem alta demanda no mercado internacional e começa a ganhar espaço em Mato Grosso como nova fonte de renda e como caminho para colocar o estado no mapa mundial da cacauicultura.

Enquanto o cacau assegura resultados de longo prazo, o sistema é complementado por culturas de retorno rápido, como mandioca e banana. Essa combinação fortalece o fluxo de caixa dos produtores e garante sustentabilidade ao projeto, que também deve remover 232,5 mil toneladas de CO₂ por ano e gerar créditos de carbono.

“É um modelo que gera renda para pequenos produtores e combate as mudanças climáticas, mostrando que a restauração ecológica é também uma oportunidade econômica para o Brasil”, conclui o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

SAFs

Os sistemas agroflorestais mesclam, em uma mesma área, culturas agrícolas e espécies florestais que interagem de forma complementar. Quando bem planejados — levando em conta solo, clima, mercado e arranjo produtivo —, garantem produtividade sustentável e maior resiliência climática.

Na Amazônia, estudos da Embrapa e do Banco Mundial mostram que produtores que apostam em SAFs podem alcançar até nove vezes o retorno sobre o valor investido. Combinando lavoura, floresta e, em alguns casos, pecuária, o modelo tem se mostrado mais rentável que os sistemas convencionais.

 

LEIA MAIS:

Cacau transforma áreas degradadas e projeta MT em novo mercado

Parceria produz 35 mil mudas de cacau para agricultores em MT

Da Amazônia ao Cerrado, cacau avança com produção em sistema agroflorestal

Mais rentável que soja, cacau quer assumir protagonismo em MT

Cargill e Schmidt firmam parceria para plantar cacau no Cerrado

Agroecologia mostra caminho para resiliência climática

Produtores multiplicam lucro em até nove vezes com SAFs na Amazônia