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Produção de etanol cresce 17% em MT e fortalece cadeia do milho

Produção de etanol cresce 17% em MT e fortalece cadeia do milhoProdução de etanol reduz dependência de combustíveis fósseis. Foto: Bruno Lopes / Aprosoja MT

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Por André Garcia

A produção de etanol a partir do milho no Brasil deve mais que dobrar nos próximos anos e atingir 16 bilhões de litros até 2032, um aumento de 68,4% em comparação aos 9,5 bilhões de litros previstos esta safra. Líder nacional na produção de milho, Mato Grosso passou a investir recentemente no setor, que já traz exemplos de viabilidade e posiciona a região como peça-chave na expansão da matriz energética brasileira.

Na safra 2024/25, a produção estadual de etanol atingiu 6,70 bilhões de litros, um crescimento de 17,09% em relação ao ciclo anterior, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Esse avanço coloca o estado como o segundo maior produtor nacional, atrás apenas de São Paulo.

“Essa expansão demonstra que a questão econômica é viável, além de ser ambientalmente correta, pois captura carbono da atmosfera e gera um produto, o etanol de milho, que realmente contribui para a descarbonização do meio ambiente”, afirma o vice-presidente da Asociação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MT), Luiz Pedro Bier.

Ou seja, além de reduzir a dependência de combustíveis fósseis, ajudando a evitar a emissão de milhões de toneladas de CO₂, a produção do biocombustível ainda agrega valor à cadeia produtiva e fortalece a economia.  É o que destaca o produtor de Primavera do Leste, Amauri Segatto.

“Comecei a plantar há nove anos e, há seis anos, aumentei minhas áreas de plantação de milho. Saber que o milho que estamos produzindo é utilizado para se transformar em combustível limpo e sustentável é muito bom e melhora a comercialização do nosso produto”, afirma.

Já o coordenador da Aprosoja-MT de Sinop, João Marcos Rosa Bustamante, chamou a atenção para a diversificação de culturas na agricultura do estado.

“Antigamente fazíamos uma produção pequena para rotação de culturas e cobertura do solo, sem grande valor comercial para o produtor. Hoje, o cenário mudou. Com o advento das indústrias de etanol de milho, essa cultura se tornou altamente rentável e competitiva até em comparação com a soja”, pontua.

Novos mercados e subprodutos em alta

Outro diferencial da produção de etanol de milho é o reaproveitamento de resíduos sólidos gerados durante a fabricação, como o DDG e o DDGS (do inglês “dry distilled grain” ou “grão destilado seco”), que se tornaram um valioso insumo na nutrição animal e na fabricação de rações.

Em cinco anos, a produção desses dois resíduos aumentou 142% em Mato Grosso, fortalecendo a economia circular ao transformar resíduos em novas oportunidades. Na safra 2024/25, o Brasil produziu 4,11 milhões de toneladas de DDG/DDGS.

A tendência é de aumento da produção, já que, na semana passada, a China anunciou que vai importar DDG do Brasil. A aprovação do DDG brasileiro no mercado chinês foi destacada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin durante sua participação na abertura do 3º Congresso da Abramilho, em Brasília.

“A principal conquista é a abertura do mercado chinês ao DDG brasileiro, o farelo produzido durante a fabricação do etanol de milho, um mercado que cresce em progressão geométrica e contribui para a mitigação dos riscos climáticos”, pontuou.

Geração de empregos e novas usinas

O etanol de milho também impulsiona a geração de empregos. Dados do Anuário da Indústria de Mato Grosso 2025 mostram que, nos últimos 10 anos, a indústria mato-grossense cresceu mais de 39%, alavancada pela produção de biocombustíveis.

De acordo com a União Nacional de Etanol de Milho (Unem), atualmente, o estado conta com 11 biorefinarias em operação e 13 programadas para construção. Além da crescente demanda por combustíveis renováveis, os investimentos no setor também estão relacionados ao aumento da exigência de mistura de etanol na gasolina, que passará de 27% para 30% nos próximos anos.