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Programa Regenera Cerrado inicia nova fase em Goiás

Programa Regenera Cerrado inicia nova fase em GoiásNova etapa demandará um investimento de US$ 3 milhõesFoto: Breno Lobato/Embrapa

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Em uma transição que eleva a agricultura regenerativa a um novo patamar, o programa Regenera Cerrado entra agora em sua próxima fase. Patrocinado pela Cargill e executado pelo Instituto BioSistêmico (IBS), a iniciativa vai além da produtividade e se aprofunda na pesquisa dos impactos das técnicas regenerativas na produção de soja e milho no Cerrado. A nova etapa demandará um investimento de US$ 3 milhões, dos quais US$ 600 mil já foram garantidos pela Cargill. As informações são do Globo Rural.

O foco do programa se expande para avaliar a fixação e redução das emissões de carbono, o impacto dos bioinsumos, o efeito na biodiversidade e a melhora da saúde do solo. De acordo com Letícia Kawanami, diretora de Sustentabilidade do Negócio Agrícola da Cargill para a América do Sul, a primeira fase priorizou “a produtividade, os custos, e na resiliência da lavoura diante de problemas climáticos”. Para ela, muitas empresas que compram da Cargill, como Unilever, Pepsico e Nestlé, têm metas de redução de carbono, o que aumenta o interesse por matérias-primas sustentáveis.

A pesquisa abrange 12 fazendas no sudoeste de Goiás, totalizando 7.841 hectares, onde cada produtor adota as práticas mais adequadas para sua propriedade. Priscila Calegari, diretora de agricultura do IBS, afirma que “essas fazendas trouxeram todo o seu estudo empírico para que os pesquisadores pudessem fazer a validação científica”. Além disso, a nova fase do programa irá realizar mais workshops e dias de campo para levar as informações a um número maior de produtores.

Resultados e aprendizados na prática

Um grupo de 35 pesquisadores coletou e analisou dados das safras 2022/23 e 2023/24. Segundo os resultados da primeira fase, a produtividade da soja em talhões pesquisados atingiu uma média de 69 sacas por hectare na safra 2023/24, superando a média de 66 sacas das áreas de agricultura convencional e a média de 56 sacas do estado de Goiás, que sofreu com a estiagem.

Com adoção de práticas que 0-incluem rotação de culturas, plantas de cobertura de solo, integração lavoura-pecuária, adubo orgânico, biofertilizantes, e controle biológico de insetos com armadilhas e uso de abelhas para polinização, a Fazenda Brasilanda, em Montividiu (GO), já vê os resultados.

Marion Kompier, proprietária da fazenda, que cultiva 6,6 mil hectares de soja por ano, relata que conseguiu reduzir em 50% os gastos com defensivos. Ela afirma que o custo médio da lavoura, que no estado gira em torno de 60 sacas por hectare, baixou para 45 sacas em sua fazenda.

A produtora também notou melhora na produtividade, com talhões atingindo 79 sacas por hectare na safra 2024/25. A média no estado foi de 70 sacas por hectare, e a média no Brasil foi de 60 sacas, segundo a Conab. Segundo Marion, “a melhora é gradativa. A agricultura regenerativa é um caminho, não é de uma hora para a outra que muda a chave”.