Por Renata Vedovato
A corrida global por soluções climáticas está transformando o campo brasileiro. Projetos de balanço, compensação e comércio de carbono vêm se consolidando como motores da nova economia do agro — um modelo que conecta produtividade, regeneração do solo e transparência ambiental.
Essas iniciativas, baseadas em monitoramento preciso e mensuração de carbono no solo, criam bancos de dados rastreáveis e confiáveis sobre uso da terra, impactos da produção e práticas sustentáveis. Essa estrutura é o que dá credibilidade aos créditos de carbono e sustenta o avanço de uma economia rural mais verde.
“Há um crescente interesse dos produtores brasileiros em agricultura regenerativa, saúde do solo e mensurações de carbono. É um avanço impulsionado pela necessidade de uma produção mais sustentável e responsável”, afirma Thiago Camargo, diretor do IBRA Megalab, laboratório de análises de solo.
O instituto, em parceria com a Embrapa, desenvolve tecnologias que aumentam a precisão das análises de carbono no solo e garantem rastreabilidade e comparabilidade internacional dos dados — condição essencial para a integridade dos projetos brasileiros no mercado global de carbono.
Agricultura regenerativa em destaque na COP30
A COP30, que será realizada em Belém em 2025, deve consolidar o protagonismo da agricultura regenerativa e o papel do Brasil na transição para uma agropecuária de baixo carbono e com maior segurança alimentar.
As expectativas são de que o País apresente resultados robustos em mensuração e sequestro de carbono, atraindo novos investimentos e fortalecendo sua imagem como potência agroambiental. Práticas como plantio direto, rotação de culturas e uso de bioinsumos estão no centro desse movimento, pois melhoram a fertilidade do solo e ampliam sua capacidade de armazenar carbono, reduzindo emissões.
“A COP30 vai colocar a agricultura regenerativa no centro das soluções climáticas. O Brasil tem todas as condições de liderar essa transição”, avalia Camargo.
Rastreabilidade e certificação
A consolidação dessa nova economia rural depende da integração entre rastreabilidade, certificação e mensuração de carbono — ferramentas que, juntas, conferem transparência e valor à produção agropecuária.
O Programa Agro Brasil + Sustentável, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), é o principal eixo dessa integração. A plataforma digital conecta informações sobre conformidade ambiental, boas práticas e desempenho produtivo, permitindo o monitoramento em tempo real das propriedades rurais.
“O Brasil vive um processo sem volta rumo à rastreabilidade plena, que assegura transparência e valor agregado à produção agropecuária”, afirmou Camilo Mussi, subsecretário de Tecnologia da Informação do Mapa.
Na pecuária, o Programa Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (PNIB) dá mais um passo nesse sentido, permitindo rastrear cada animal e reforçando a segurança sanitária e ambiental da carne brasileira.
Mais do que uma revolução tecnológica, a combinação entre rastreabilidade, certificação e agricultura regenerativa representa uma mudança de paradigma. O Brasil passa a unir produtividade, conservação e inovação, assumindo papel de liderança em uma economia rural baixa em carbono, rastreável e sustentável.

