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Entenda como plantio direto reduz impacto da falta de chuva

Entenda como plantio direto reduz impacto da falta de chuvaSPD consiste em semear sobre a palhada da safra anterior. Foto: Bruno Lopes/Aprosoja MT

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Por André Garcia

A irregularidade das chuvas no início da safra de soja 2025/26 deixou claro o peso do sistema de plantio direto (SPD) para Mato Grosso. Nas regiões onde ele é implementado, a palhada ajudou a manter a umidade e reduziu o estresse das plantas, garantindo que elas seguissem se desenvolvendo, mesmo nos períodos mais secos.

É o que conta o produtor Geraldo Cesar Preto, de Tangará da Serra, ao explicar que, em sua propriedade, a semeadura só avançou depois da segunda quinzena de outubro, quando as chuvas voltaram de forma mais regular.

“Alguns produtores aqui da região, que plantaram no final de setembro, perceberam que as lavouras sofreram um pouco, mas com o plantio direto, milho e braquiária [em consórcio] em função da quantidade de matéria orgânica, as lavouras superaram as expectativas”, afirmou.

Com as últimas chuvas, mesmo que em volumes menores, ele avalia que a soja tem recuperado parte do ritmo de crescimento.

“A expectativa, por enquanto, é de uma boa produtividade. Não temos muitos relatos de problemas com aplicações, estamos controlando as ervas daninhas, iniciamos as aplicações de fungicidas. Já a expectativa de colheita vai depender se o clima continuar colaborando”, acrescentou.

Método revolucionou agricultura de MT

O sistema de plantio direto consiste em semear sobre a palhada da safra anterior, sem revolver o solo.  A técnica, implementada no Brasil nos anos 70, foi determinante para ampliar a fertilidade dos solos do Cerrado e viabilizar a sucessão de culturas, transformando a região em uma das maiores produtoras agrícolas do mundo.

“Para fazermos duas safras, geralmente realizamos sobre o plantio direto. Soja em cima de palhada de milho e milho em cima de palhada de soja. E isso contribui para o aumento de produtividade, o sequestro de carbono na cultura e para a rentabilidade do produtor”, afirma Jorge Diego Giacomelli, de Jaciara.

Manejo e genética fortalecem resultados

Em um cenário de aumento nos custos da produção e margens de lucro apertadas, o produtor Gilson Antunes de Melo reforça os benefícios para o bolso, já que o SPD também reduz o uso de máquinas, menor uso de combustíveis e até uma diminuição de custo de produção.

“Você não revolve o solo, então o meio ambiente ganha. Você tem segurança no plantio, porque tem uma camada de palha que mantém mais umidade e a temperatura do solo mais baixa, favorecendo a emergência da planta que você está cultivando”, relata ele, que adota o sistema em 100% das suas áreas de produção.

Em Campo Novo do Parecis, Alessio Martelli avalia que o desenvolvimento das lavouras é animador, mesmo depois do estresse hídrico do início da safra. Ele destaca que a combinação entre genética mais resistente e manejo bem executado ajudou a manter o vigor das plantas até a retomada da umidade.

“Temos um plantio melhor graças à semente de genética boa. Então, ela aguentou o estresse. Ela formou o sistema radicular, foi buscar água e se manteve. Agora que a umidade está boa, a soja está vindo muito bonita. Entã,o a expectativa é muito boa”, ressaltou.

Solo como ativo econômico e ecológico

Com a capacidade de conservar a fertilidade, reduzir a erosão, melhorar a infiltração e reter carbono, o SPD torna as lavouras mais estáveis diante da irregularidade climática. Assim, o método mostra que é possível transformar o solo em ativo econômico e ecológico.

Não à toa, seu avanço tem sido estimulado pela Associação dos Produtores de Milho e Soja de Mato Grosso (Aprosoja MT), que tem investido em seus Centros Tecnológicos Parecis e Araguaia, onde são estudadas as melhores palhadas para cobertura do solo. Os resultados são repassados aos agricultores nas Rodadas Técnicas por todo o estado.

“Esse já é o presente e, com certeza, será o futuro da agricultura mato-grossense. O plantio direto está diretamente ligado à produção, à conservação do solo, à rentabilidade e à sustentabilidade”, explica Giacomelli, que também é diretor executivo da entidade, ao destacar o caráter sustentável da estratégia.

 

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