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Estação Quarentenária da Embrapa tem missão de reduzir riscos de entrada de praga no país

Estação Quarentenária da Embrapa tem missão de reduzir riscos de entrada de praga no país

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A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), inaugurou na quarta-feira, 24/11, a sua Estação Quarentenária, localizada na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília-DF. A estação é composta por um prédio com 4.643m² de área construída, sendo 2.951m² de laboratórios para análises de qualquer tipo de praga que possa correr o risco de entrar no território nacional, como insetos, ácaros, fungos, bactérias, nematoides, plantas infestantes e vírus.

A inauguração contou com a presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina; do presidente da Embrapa, Celso Moretti; do secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, José Guilherme Leal; do secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Ministério e também presidente do Conselho de Administração da Embrapa, Fernando Camargo; de parlamentares que contribuíram, por meio de emendas nos últimos anos, para a construção da nova edificação, como os deputados federais Bia Kicis, Paula Belmonte e Júlio Cesar Ribeiro; e do secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal, Candido Telles; além de chefes-gerais dos centros de pesquisa da Embrapa no DF.

A Estação Quarentenária compreende ainda três casas-de-vegetação e 11 laboratórios com mais de 200 equipamentos para análises de pragas. Possui sala-de-caldeiras, incinerador e salas para tratamento fitossanitário, desinfecção e destruição de material quarentenário.

“A quarentena de plantas abrange ações voltadas a prevenir a introdução e disseminação de pragas agrícolas e, por isso, é prioridade para a Embrapa desde a sua criação, na década de 1970, porque sempre consideramos esse trabalho estratégico para a segurança nacional do país, justamente porque está diretamente relacionado com a segurança alimentar da população”, afirmou o presidente da Embrapa, Celso Moretti.

Ele lembrou que a entrada, em 2013, de apenas uma praga exótica, a lagarta Helicoverpa armigera, causou danos de cerca de US$ 1,7 bilhão aos cofres nacionais.

“Se multiplicarmos esse valor pelo número de pragas interceptadas, é possível estimar que o trabalho de quarentena desenvolvido pela Embrapa poupou centenas de bilhões de dólares à economia do País”, complementou, ressaltando que existem atualmente 400 pragas de enorme risco “batendo na porta” das fronteiras brasileiras.

Para a ministra Tereza Cristina, é um momento de celebração para o Brasil, principalmente depois de todas as dificuldades enfrentadas até chegar ao momento de inaugurar uma estrutura que tem embutida muito esforço, muita tecnologia, muitos equipamentos importantes e, o mais importante, muitas “cabeças de heróis” que fazem a diferença diariamente para a agropecuária brasileira, ajudando a evitar que pragas e doenças entrem no nosso território e possam prejudicar as nossas safras.

“O mundo está passando por um momento de transição, intensificado pela pandemia, e cada vez mais a Ciência tem mostrado o quanto o seu papel é transformador na melhoria de vida das pessoas. Essa Estação Quarentenária é uma prova disso. Conto com o trabalho estratégico de vocês. Cada dia a Embrapa se torna mais necessária, precisa se tornar mais moderna, ter mais inteligência estratégica, porque a geopolítica do mundo está mudando, constantemente. Precisamos de vocês para antecipar as mudanças que estão ocorrendo no mundo para tornar a agricultura mais sustentável”, declarou.

Investimento

A construção da nova estrutura foi iniciada em 2015, tendo como meta a ampliação da capacidade de atendimento para mais de 60 mil acessos ao ano, o dobro da capacidade na época. As instalações foram projetadas conforme as regras de segurança exigidas pela Instrução Normativa nº 29/2016 do Ministério da Agricultura e receberam investimentos iniciais de R$ 10 milhões.

No ano de 2019 houve a retomada da construção do prédio, quando recebeu R$ 800 mil de investimento da Embrapa e, no ano seguinte, a deputada federal Bia Kicis viabilizou, por meio de um termo de execução descentralizada (TED), recursos para a conclusão da estrutura, assegurando a ampliação dos serviços quarentenários em território brasileiro, a partir da integração das equipes da Embrapa com as do Serviço Quarentenário Nacional, da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa (SDA).

O valor total do TED para conclusão do novo prédio foi do montante de R$ 1.216.108,39, aplicado em obras do laboratório, conclusão do prédio e na construção de um galpão para maquinários. Além desse recurso, o TED permitiu a aquisição de equipamentos para instalação de datacenter e estruturação de equipamentos do Laboratório Quarentenário Nacional (compras de switch, trator, transceiver, patch e nobreaks), no total de R$ 253.891,61.

“A nossa Estação Quarentenária está credenciada, agora, com uma estrutura funcional que vai ampliar a análise quarentenária de materiais genéticos que entram no País para fins de pesquisa”, explicou a chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Cleria Inglis.

Ela salientou que além desse serviço, a equipe também realiza treinamentos para instituições pertencentes ao Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária e para técnicos dos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária do Mapa, em especial na identificação de pragas quarentenárias presentes e ausentes no país.

Existem atualmente cerca de 500 pragas quarentenárias oficialmente reconhecidas como ausentes no território brasileiro, que incluem insetos, ácaros, nematoides, fungos, vírus e bactérias, com uma característica comum: são exóticas, não existem no País e, por isso, não há formas conhecidas para combatê-las.

A priorização das pragas quarentenárias, feita pelo Ministério, é importante porque permite desenvolver um trabalho mais específico para evitar a sua entrada no Brasil ou na adoção de medidas para sua erradicação e controle, quando já identificada em alguma parte do país.

Fonte: Embrapa