Por André Garcia
Nem mesmo o aumento de 0,7% na área plantada deverá garantir o desempenho do milho em 2026. Diante de um cenário climático menos favorável e com as lavouras de verão ainda em desenvolvimento, o que pode atrasar ou encurtar a janela da segunda safra, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prevê uma queda de 9,3% na produção.
A produção total do cereal deve alcançar 128,4 milhões de toneladas, uma redução de 13,2 milhões de toneladas em relação à safra anterior. O gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, explica que os números de 2025 foram impulsionados por um clima muito favorável, o que torna a base de comparação mais alta.
“Não se espera, para 2026, que o clima se comporte tão favoravelmente. Além disso, ainda pairam muitas dúvidas quanto à janela de plantio do cereal, uma vez que as lavouras da safra de verão encontram-se ainda em desenvolvimento no campo”, contextualiza o gerente.
Cenário nacional
Esses números puxam a redução de 3,7% estimada para a safra nacional de grãos, cereais e leguminosas, que no ano que vem deve somar 332,7 milhões de toneladas, conforme o primeiro prognóstico do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado na última semana.
“Em 2025, tivemos condições climáticas muito favoráveis para a maioria das culturas. Em 2026, a previsão desse primeiro prognóstico é de queda, uma vez que estamos sob a influência do fenômeno La Niña, que traz chuvas mais intensas para a Região Centro-Oeste e pouca chuva para o Sul, o que pode afetar as lavouras”, explica Carlos.
Centro-Oeste sob impacto do clima
Nesse cenário, a expectativa é de retração na produção no Centro-Oeste. Mato Grosso pode registrar queda de 9,8%, seguido por Goiás, com redução de 7,8%, e Mato Grosso do Sul, com recuo de 12,2%. Já a área colhida deve crescer 0,9% em Mato Grosso e cair 0,4% e 1,1% em Goiás e Mato Grosso do Sul, respectivamente.
Oferta elevada pressiona margens do algodão
Quanto ao algodão, espera-se uma queda de 4,8%, ficando em 9,3 milhões de toneladas, após três anos seguidos de safra recorde.
“Isso manteve a oferta alta e diminui os preços. Então, as margens estão apertadas para os produtores e a tendência é de redução na área de plantio”, afirma Guedes.
Soja avança na contramão das demais culturas
Em contraste com as demais culturas, a soja avança. A primeira estimativa de produção da soja para 2026 totalizou 167,7 milhões de toneladas, caracterizando novo recorde na produção nacional da leguminosa, superando a produção registrada no ano anterior em 1,1% (1,8 milhão de toneladas a mais).
De acordo com o IBGE, o salto na produção se dá, principalmente, por conta do incremento esperado de 0,8% no rendimento médio, totalizando 3.507 kg/ha, e de uma área plantada 0,3% superior à registrada na última safra.
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