Um estudo da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), mostrou que plantar árvores junto com o gado no pasto ajuda a reduzir a emissão de metano – um dos gases que mais contribuem para o aquecimento global.
Esse tipo de sistema, chamado de silvipastoril, mistura o cultivo de árvores com a criação de animais. A pesquisa constatou que o sistema é capaz de neutralizar o metano emitido por mais de dois bois adultos por hectare.
O metano é liberado, principalmente, durante a digestão dos bovinos. Ele dura menos tempo na atmosfera do que o gás carbônico, mas seu efeito de aquecimento é 27 vezes mais forte. Por isso, reduzir suas emissões é essencial para tornar a pecuária mais sustentável.
Segundo o estudo, as árvores ajudam nesse processo porque fazem fotossíntese e armazenam carbono no tronco, que é uma parte da planta bastante estável. Esse carbono “capturado” compensa o metano liberado pelos bois. Além disso, os troncos podem ser usados mais tarde na fabricação de móveis e outros produtos de valor.
O estudo comparou uma área de pastagem de capim-piatã sombreada por eucaliptos com outra área de pasto a pleno sol. Mesmo com quase três bois por hectare (3,01), o sistema com árvores conseguiu compensar o metano equivalente a 2,3 bois adultos por hectare.
O resultado foi positivo: houve captura extra de carbono e o balanço final foi negativo em -14,28 Mg de CO₂ equivalente por hectare ao ano, o que significa menos gases poluentes na atmosfera. Vale lembrar que a média no Brasil é de apenas 1 boi por hectare.
“Se considerarmos todo o carbono fixado no tronco das árvores, além de neutralizar a emissão de metano pelos animais, o sistema silvipastoril ainda sequestra grande quantidade de carbono”, explica o pesquisador da Embrapa, José Ricardo Pezzopane.
Outras vantagens
Além de ajudar o meio ambiente, o sistema também trouxe vantagens para os animais. A sombra das árvores deixou o ambiente mais fresco, melhorando o conforto térmico do gado. Mesmo com menos capim em algumas épocas do ano, os bois tiveram desempenho semelhante aos criados em pasto sem sombra, graças à suplementação alimentar.
A área testada foi implantada em 2011, com 333 árvores de eucalipto por hectare. Em 2016, as árvores foram desbastadas, ficando com 167 árvores por hectare, o que garantiu espaço para o gado e equilíbrio na produção de biomassa.
Os resultados foram publicados na revista científica Agricultural Systems. Acesse aqui.
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