Por André Garcia
Com 149,1 mil toneladas de soja colhidas em sua primeira safra, o Reg.IA confirma o potencial da agricultura regenerativa em larga escala. Pioneiro na América Latina, o consórcio reúne seis empresas e já abrange mais de 37 mil hectares, indicando que produção sustentável é sinônimo de competitividade.
Além da soja, já foram colhidas 9,2 mil toneladas de milho regenerativo, com expectativa de alcançar 240 mil toneladas até o fim da safra 24/25, conforme dados divulgados nesta segunda-feira, 8/9.
“Nós partimos do princípio de que a sustentabilidade não só pode, mas deve ser pré-competitiva. E é essa união entre empresas, cada uma contribuindo com sua expertise, que nos permite apoiar o produtor rural e promover, de fato, a transformação em campo”, explica Aline Locks, CEO da Produzindo Certo, empresa signatária do acordo.
O Reg.IA é formado também pela Agrivalle, Bayer, BRF, GAPES e Milhão Ingredients. Em apenas um ano de operação, a iniciativa já movimenta 38 propriedades e 337 talhões. Nesta temporada, foram cultivados 36,6 mil hectares de soja, com produtividade média de 67,85 sacas por hectare (4,07 toneladas/ha).
Pegada de carbono
Enquanto a produtividade aumentou, o impacto ambiental diminuiu. A medição da pegada de carbono mostra as emissões por tonelada produzida, e o estoque de carbono no solo revela a capacidade da lavoura de reter esse elemento, ajudando a mitigar o aquecimento global.
A soja cultivada pelo Reg.IA apresentou pegada média de carbono de 510,58 kg CO₂eq por tonelada, segundo a calculadora Footprint PRO Carbono, desenvolvida pela Bayer em parceria com a Embrapa. As análises realizadas pela ConncetFarm também registraram um estoque médio de 73,5 toneladas de carbono por hectare no solo.
No milho, a produtividade alcançou 243,22 sacas por hectare (14,59 toneladas/ha) nos 630,9 hectares já colhidos, mantendo o mesmo índice de estoque de carbono da soja. Em comparação com as médias nacionais, os resultados do consórcio representam uma pegada de carbono 66% menor para a soja e 82% menor para o milho.
Incentivo financeiro
Além de estimular a adoção de práticas regenerativas como plantio direto com cobertura, rotação de culturas, adubação orgânica, uso de biológicos e redução do uso de pesticidas, o consórcio cria um modelo de incentivo financeiro, com prêmios de até 2% sobre o valor das sacas comercializadas com as empresas parceiras.
“As empresas parceiras encontram no consórcio uma forma concreta de vincular suas metas de sustentabilidade ao campo. O consórcio não apenas acelera a adoção de práticas regenerativas, como também fortalece o posicionamento dos grãos brasileiros em mercados cada vez mais exigentes em termos de sustentabilidade”, destaca Aline.
Transição em andamento
O setor da soja tem se mobilizado para dar escala à agricultura regenerativa, buscando soluções para reduzir custos e manter a competitividade. Em 2023, os gastos com sementes, fertilizantes e defensivos chegaram a R$ 155 bilhões, o equivalente a 44% do valor bruto da produção, contra 30% há uma década.
Diante disso, especialistas vem apontando que, ao fortalecer a saúde do solo e reduzir os impactos ambientais, o modelo regenerativo pode garantir que Brasil avance na transição para uma produção sustentável em larga escala, sem perder espaço nos mercados globais.
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