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Tarifa vermelha sinaliza que é hora de investir na produção de energia

Tarifa vermelha sinaliza que é hora de investir na produção de energia

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A crise hídrica que afeta o Centro-Oeste e o Sudeste do país levou a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) a reajustar em impressionantes 52% o valor da bandeira vermelha patamar 2 das contas de luz. Com isso, a cobrança adicional nas tarifas passa de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh (quilowatt-hora) consumidos.

Embora vise forçar uma redução no consumo de energia, isso não é possível para todo mundo. Em uma residência, dá para desligar aparelhos que não estão sendo usados ou mudar o horário do banho. Com o agronegócio, que carrega a economia do país nas costas, é diferente.

A eletricidade é hoje um fator-chave para a produtividade de qualquer propriedade minimamente moderna. Quanto maior a sofisticação dos equipamentos usados, maior a dependência da eletricidade – que já responde por parcela significativa dos custos de produção. Segundo consultores, um aumento de 52% na bandeira tarifária pode vir a representar uma alta de mais de 10% na tarifa final para o consumidor.

Para reduzir esse impacto nos custos de produção, o produtor pode adotar diversas medidas, como rever instalações elétricas antigas ou em mau estado, investir em equipamentos mais modernos e eficientes no consumo de energia ou ainda fazer uma revisão nos que já possui. Embora sejam importantes e contribuam para a eficiência energética do agronegócio, medidas dessa natureza não conseguem absorver todo o impacto do aumento da tarifa. E não preparam para o que pode vir adiante.

O ONS (Operador Nacional do Sistema, órgão responsável pela coordenação e operação do sistema elétrico brasileiro) já alertou que se tudo der certo, ou seja, se a redução de consumo prevista pelo governo funcionar, os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste devem chegar a novembro a 10,3% da capacidade.  Embora seja o nível mensal mais baixo para os reservatórios em 20 anos, é um nível relativamente seguro. Mas se o plano do governo não funcionar, eles podem ficar em 7,5% de capacidade – um nível que não garante a estabilidade do sistema de geração de energia.  Nesse caso, falhas de fornecimento podem acontecer – e, se ocorrerem, será em plena safra de grãos.

Chegou a hora do agro produzir também energia

Para quem cria animais confinados, os biodigestores são uma opção. Para agricultores e quem cria animais soltos, a energia solar pode ser a solução. Uma vez instalada, a energia solar é como uma poupança: todo mês o produtor economiza aquilo que iria gastar com a conta de luz. Depois de alguns anos, o que se deixou de pagar em contas de luz equivale ao que se investiu no equipamento. Ou seja, no final ele sai de graça – e a partir daí, é só dinheiro no bolso para investir em outras coisas.

Os consumidores do Mato Grosso já estão na liderança desse movimento, em nível nacional: o Estado ocupa o 4° lugar no ranking de geração de energia solar no país, atrás apenas de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo. Mas quando o assunto é energia solar no campo, a situação é diferente.

Levantamento da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) com base em dados da Aneel mostra que menos de 0,7% dos mais de 87 milhões de consumidores de energia elétrica do país faz uso do sol para produzir eletricidade. Só que os consumidores rurais respondem por apenas 7% dessa minúscula fatia.

Uma das barreiras à adoção da energia solar – o preço – já está caindo. Os equipamentos estão bem mais em conta do que há 5 ou 10 anos por conta do crescimento do mercado em todo o mundo. Até o financiamento está mais barato: recentemente o banco Santander anunciou redução de 0,79% a.m. para 0,74% a.m. nas taxas mínimas de juros para implantação de projetos fotovoltaicos em propriedades rurais. Também ampliou o prazo de parcelamento, que passou de 76 para 96 meses, com 120 dias de carência para pagamento da primeira parcela.

Atualmente o produtor pode contar com mais de 70 linhas de crédito para a energia solar, oferecidas por bancos públicos, privados e cooperativas de crédito. Com a bandeira vermelha e risco de instabilidade no fornecimento no horizonte, nunca foi tão importante pensar em ser produtor de energia.