Por André Garcia
Sob os holofotes da COP30, em Belém (PA), a Embrapa vai mostrar ao mundo como o Brasil pode produzir mais com menos impacto. Ao longo do evento, a Agrizone, vitrine de inovação da instituição, apresenta uma série de tecnologias para a adaptação dos sistemas produtivos aos efeitos da mudança climática.
Entre os destaques, está a vitrine viva de agricultura de baixo carbono, com sistemas de produção de carne, soja, leite, milho, sorgo e trigo, mostrando como práticas de manejo e inovação genética podem reduzir emissões de gases de efeito estufa e aumentar a eficiência no campo.
“Esses sistemas fazem parte de um movimento global e estratégico para o Brasil de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e aumento da eficiência no uso de recursos naturais”, explica a diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia (DINT), Ana Euler.
Na programação, está previsto o lançamento do selo da Carne de Baixo Carbono, resultado de parceria entre a Embrapa e a Marfrig. Também estarão em demonstração cultivares desenvolvidas com biotecnologia nacional, como o milho BTMAX, resistente a pragas e capaz de reduzir o uso de inseticidas químicos.
Vale mencionar ainda o guandu BRS Mandarim, que auxilia na recuperação de pastagens degradadas e reduz em até 70% a emissão de metano por quilo de ganho de peso em bovinos, e a prova de Emissão de Gases (PEG), avaliando bovinos que emitem menos metano e apresentam melhor conversão alimentar.
Rastreabilidade na floresta
Além das tecnologias voltadas à agricultura de baixo carbono, a Embrapa também apresenta três ativos digitais. As plataformas garantem o monitoramento de carbono, rastreabilidade e avaliação ambiental, reforçando a competitividade do agro frente às mudanças climáticas e a mercados mais exigentes.
O primeira delas é o AgroTag MFE, aplicativo gratuito que permite registrar cada etapa do manejo e do extrativismo na Amazônia — da coleta à comercialização. A iniciativa busca agregar valor à cadeia produtiva da castanha e garantir mais transparência, fator decisivo para ampliar o acesso a mercados internacionais.
Para isso, a ferramenta sincroniza informações de campo com imagens de satélite e gera mapas e relatórios em tempo real, ajudando a comprovar boas práticas e abrir portas para mercados internacionais exigentes. O sistema já vem sendo usado em projetos estratégicos como o MFE Amazon e o NewCast.
Carbono sob controle
Outra inovação é a BRLUC 2.1, ferramenta gratuita que estima as emissões e os estoques de carbono em todos os 5.569 municípios brasileiros. A plataforma disponibiliza dados sobre 44 tipos de uso da terra e 64 culturas agrícolas, com séries históricas de 2000 a 2019.
Essas informações podem ser usadas em calculadoras de emissões, planos de mitigação de gases de efeito estufa e políticas públicas de baixo carbono — um avanço crucial para quem busca certificar a produção.
O ciclo da sustentabilidade
Fechando o trio, a ICVCalcWeb simplifica uma das etapas mais complexas dos estudos de sustentabilidade: a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). A ferramenta permite construir inventários de emissões com base em dados agrícolas reais e modelos adaptados à realidade brasileira.
Isso facilita tanto o uso científico da ACV quanto a gestão ambiental de propriedades e empresas do agro, criando base sólida para estratégias de descarbonização e acesso a mercados de carbono.
Agrizone
A AgriZone, também conhecida como Casa da Agricultura Sustentável, é um espaço interativo. Ao longo de 11 dias, a programação será composta por exposições imersivas, painéis interativos, pavilhões com vitrines vivas, cinco auditórios para 400 atividades (palestras, workshops e painéis).
O espaço estará aberto ao público de 10 a 21 de novembro, das 10h às 18h, com entrada gratuita mediante inscrição prévia pelo site da Agrizone ou no local.
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