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Nestlé compra gado criado ilegalmente em Terra Indígena do MT

Nestlé compra gado criado ilegalmente em Terra Indígena do MTFazendas ilegais que ocupam a Terra Myky abastecem abatedouro da Marfrig. Foto: Typju Mỹky

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Gigantes do setor alimentício global, como a Nestlé e o McDonald’s, estão comprando carne bovina de áreas desmatadas e ocupadas ilegalmente por pecuaristas na Terra Indígena Myky, no Mato Grosso.

Uma reportagem investigativa conjunta do Joio e o Trigo, do Bureau of Investigative Journalism (TBIJ), da NBC News e do Guardian, revelou os caminhos que o gado de origem ilegal percorre desde o território indígena até um abatedouro da Marfrig, segundo maior frigorífico do Brasil.

Tal como outros territórios indígenas, a Terra Myky está em um limbo jurídico que dura mais de décadas. Reconhecida nos anos 1970, ainda sob a ditadura militar, a reserva foi contestada na Justiça por fazendeiros que alegam que a criação da área não incluiu os estudos técnicos relativos à ocupação indígena do território.

Mesmo com a realização dessas análises, que reconheceram a totalidade da Terra Myky para demarcação oficial, o processo está congelado e o governo federal não tem atuado para manter invasores fora da reserva.

A insegurança jurídica e a omissão governamental estão favorecendo o avanço dos fazendeiros sobre o território indígena: “Nesse pasto, onde os brancos estão morando, também era nossa aldeia, mas agora eles estão criando gado”, lamentou Xinuxi Myky, o ancião de uma comunidade Myky.

A reportagem mostrou que as fazendas ilegais que ocupam a Terra Myky estão abastecendo um abatedouro da Marfrig em Tangará da Serra. Desde 2014, essa unidade exportou quase US$ 6 bilhões em produtos de carne bovina para países como Alemanha, China, Espanha, Itália e Reino Unido. A carne tem sido usada na fabricação de hambúrgueres vendidos pelo McDonald’s e até mesmo papinha de bebê da Nestlé. O UOL também repercutiu a notícia.