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Enquanto governo defende sustentabilidade, MT lidera degradação da Amazônia

Enquanto governo defende sustentabilidade, MT lidera degradação da AmazôniaAs porcentagens foram publicadas pelo Imazon na última semana. Foto: Agência Brasil

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Por André Garcia

Enquanto o governo insistia na sustentabilidade das commodities mato-grossenses na Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27),  que terminou no domingo, 20/11,  no Egito, a devastação da Amazônia no Estado era constatada por um salto de 451 km² na área degradada em outubro de 2021, para 1.120 km² no mês passado.

Mato Grosso é o líder isolado no ranking nacional da degradação florestal, causada pelas queimadas e pela exploração madeireira, respondendo por 74% das áreas afetadas. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, o segundo colocado, o Pará, responde por 19% destas regiões.

Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e mostram que no Brasil todo a degradação um teve aumento de 183%, passando de 537 km² para 1.519 km², na comparação entre outubro de 2021 e outubro de 2022.

As porcentagens foram publicadas pelo Instituto na última semana, quando, em um dos painéis da COP-27, o governador do Estado, Mauro Mendes (União Brasil), reafirmou seu compromisso com as metas de redução nas emissões de carbono no Estado e cobrou por investimentos da Europa, conforme noticiado pelo Gigante 163.

O planejamento estadual, estabelecido pelo programa Carbono Neutro, prevê a aceleração de ações para sequestro de carbono a partir de uma meta ambiciosa: reduzir as emissões em 80% até 2030 e neutralizá-las em 2035. Na maioria dos países, o prazo firmado termina 15 anos depois disso, em 2050.

Planejamento estadual

Ao longo da COP27, o potencial de arrecadação estimado para Mato Grosso no evento foi de R$ 20 bilhões até 2030.

Entretanto, considerando que as ações para a mitigação das emissões dos gases do efeito estufa (GEE) são fundamentais para alcançar investimentos estrangeiros para a agropecuária, especialmente por parte dos europeus, porcentagens de degradação como estas podem colocar uma pedra gigantesca sobre as propostas de captação de recursos.

Isso porque, a degradação no Estado, segundo o Imazon, está majoritariamente ligada às queimadas, responsáveis por grandes emissões de CO2, principal inimigo da atmosfera.

Boa notícia?

As notícias são um pouco melhores se considerado o desmatamento. Em outubro de 2022, o SAD detectou 627 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, uma redução de 22% em relação a outubro de 2021, quando o desmatamento somou 803 quilômetros quadrados.

Neste caso, os números detectados em outubro de 2022 apontam para maior ocorrência do crime no Pará (56%), Amazonas (12%), Mato Grosso (11%), Acre (9%), Rondônia (6%), Roraima (3%) e Maranhão (3%).

Em Mato Grosso houve redução de 87 km² para 69 km² considerando o período analisado. Além disso, Juara é o único município mato-grossense a figurar na lista dos 10 “Municípios Críticos”, com a oitava colocação.

Contudo, de acordo com o Imazon, de janeiro a outubro, foram derrubados no bioma quase 10 mil km², o equivalente a mais de seis vezes a cidade de São Paulo. Esse foi o segundo pior acumulado dos últimos 15 anos, sendo apenas 0,5% menor do que o mesmo período em 2021.

Geografia do desmatamento

Considerando todos os estados da região Amazônica, em outubro de 2022, a maioria do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse (57%). O restante foi registrado em Assentamentos (31%), Unidades de Conservação (8%) e Terras Indígenas (4%).

GEE

O fato de o Brasil não ter conseguido frear o aumento da derrubada da Amazônia nos últimos anos contribui para o crescimento das emissões de gases GEE.  Atualmente, o país é o quinto maior emissor do mundo e, em 2021, o setor de mudança no uso da terra foi responsável por quase metade das emissões.

Isso ocorreu principalmente devido ao aumento do desmatamento do bioma, responsável por 77% das emissões causadas pela mudança no uso da terra, conforme o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima.

Entre os dez municípios brasileiros que mais emitem gases do efeito estufa, oito estão na Amazônia, de acordo com o SEEG, o que torna ainda mais evidente a relação entre a perda de floresta e o aumento do aquecimento global.

Apenas em outubro, a Amazônia teve 627 km² desmatados, uma área quase três vezes o tamanho de Recife. Essa devastação foi a terceira maior da série histórica para o mês, ficando atrás apenas do registrado em 2020 e de 2021.

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