HomeEconomia

Desmatamento no Cerrado pode inviabilizar agronegócio, diz estudo

Desmatamento no Cerrado pode inviabilizar agronegócio, diz estudoHouve redução de 36,7% no total de chuvas em 4o anos. Foto: Agência Brasil

Governo envia mudança em projeto de lei para reforçar Plano Safra
População ocupada no agro no 1º tri atinge nível mais alto desde 2016
‘Vamos promover ainda mais as boas práticas agrícolas’, diz presidente do BB

Com a redução da cobertura vegetal nativa do Cerrado, quebras de safra estão se tornando constantes e podem piorar. “É agrossuicídio”, adverte o professor da UFMG Argemiro Teixeira Leite-Filho, um dos autores do estudo, publicado na Nature Sustainability, que revela que se os níveis de desmatamento seguirem elevados na região, o agronegócio ali se tornará inviável economicamente.

Desde a década de 1980 houve, em média, um atraso de 36 dias no início da estação chuvosa agrícola; uma redução de 36,7% no total de chuvas durante o período; e um aumento de 1,5°C na temperatura do bioma, de acordo com os pesquisadores, que analisaram os efeitos das mudanças climáticas induzidas pelo desmatamento na prática de cultivo duplo de soja e milho no Cerrado. Na pesquisas, eles ecluíram todas as causas que não fossem a destruição da vegetação. Ou seja, o impacto de fenômenos como El Niño e La Niña foi desconsiderado.

Dos 8,1 milhões de hectares de cultivo duplo de soja e milho no bioma, 99% enfrentaram atrasos na estação chuvosa agrícola e 61% sofreram redução nas chuvas. Essas mudanças contribuíram para falhas nas colheitas desses grãos, falhas que se tornam mais frequentes e severas. Assim, os cientistas apontam que para sustentar a produtividade agrícola no Cerrado é crucial conservar e restaurar sua vegetação nativa.

Nenhuma outra savana do mundo tem sido tão destruída quanto o Cerrado. Nos últimos 20 anos, o bioma teve sua cobertura vegetal nativa reduzida de 127 milhões de hectares para 95 milhões de hectares, ao mesmo tempo em que a região viu as áreas agrícolas dobrarem – de 38 milhões de hectares para 77 milhões de hectares.

Somente entre 2022 e 2023 o Cerrado perdeu 6 milhões de hectares de vegetação nativa, uma área equivalente ao estado da Paraíba. Além disso, foi o bioma brasileiro onde a soja mais avançou no ano passado, com 19,3 milhões de hectares, ou quase um estado do Paraná.