Por André Garcia
A Amazônia perdeu 326 km² de floresta em junho de 2025, o equivalente a mais de mil campos de futebol por dia. Embora o valor represente uma queda de 18% em relação ao mesmo período de 2024, os alertas seguem acesos diante da crescente degradação e da tendência de crescimento anual do desmate.
Dados divulgados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) nesta quarta-feira, 30/7, mostram que apesar da redução, a devastação acumulada no chamado “calendário do desmatamento”, que vai de agosto de 2024 a julho de 2025, cresceu 11%.
“Essa baixa pode refletir os resultados das ações de prevenção e fiscalização, mas os números elevados indicam que a vegetação nativa segue sendo destruída em ritmo preocupante e reforçam a necessidade de intensificar essas medidas”, explica a pesquisadora do Imazon, Larissa Amorim.
Degradação em alta
Outro dado preocupante é que o bioma teve 34.924 km² de florestas degradadas entre agosto de 2024 e junho de 2025. O valor é quatro vezes maior quando comparado com o calendário anterior e foi impulsionado principalmente pelas extensas queimadas ocorridas em setembro e outubro de 2024.
A degradação, que resulta principalmente de queimadas e da exploração madeireira, cresceu tanto no acumulado do calendário quanto de forma isolada em junho, chegando a 207 km² afetados no mês. O valor representa um aumento de 86% em relação a junho do ano passado.
“Essa época do ano, historicamente, não corresponde à fase mais crítica de queimadas na Amazônia. Então, a elevação que observamos representa um sinal de alerta. Isso indica uma tendência preocupante de intensificação desse tipo de evento, o que reforça a necessidade de atenção e respostas mais rápidas e eficazes”, observa Larissa.
MT entre os líderes na destruição
Mato Grosso ocupa a segunda colocação entre os estados que mais desmataram a Amazônia em junho, respondendo por 26% do total registrado, atrás do Amazonas (28%) e do Pará (25%). Além disso, no ranking dos 10 municípios com os piores índices de desmate, quatro estão em MT: Nova Maringá, Marcelândia, Colniza e Querência.
Com relação à degradação, o Imazon informa que 37% dos registros se concentram no território mato-grossense. O Pará responde por 57% do total, enquanto Acre tem 3%, e Rondônia, Amazonas e Maranhão 1% cada.
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