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59% dos incêndios em MT ocorrem durante período proibitivo

59% dos incêndios em MT ocorrem durante período proibitivoFoto: Secom-MT

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Desmate cresce na Amazônia e no Cerrado e cai no Pantanal
Governo cobra recuperação de 6,8 mil hectares de infratores

Por André Garcia

Apesar dos avanços na fiscalização e da queda de 71% na área queimada este ano, 59% dos incêndios florestais registrados em Mato Grosso ocorreram após o início da proibição do uso do fogo, segundo levantamento do Instituto Centro de Vida (ICV) com base na plataforma Amazon Fire Dashboard, da Nasa.

O período proibitivo começou em 1º de junho no Pantanal e, a partir de 1º julho, passou a valer também para o Cerrado e a Amazônia. Nestes meses, o uso do fogo fica terminantemente proibido, inclusive para limpeza de áreas agrícolas ou manejo de pastagens. Mas os números indicam que práticas irregulares ainda são uma realidade.

Entre janeiro e agosto de 2025, foram 859,5 mil hectares atingidos pelo fogo, contra 3 milhões de hectares no mesmo período do ano passado. Essa redução foi favorecida por um maior volume de chuvas, que manteve o solo e a vegetação úmidos, além de temperaturas mais baixas.

“Aliado a isso, o aumento da fiscalização e reforço das políticas de combate ao desmatamento surtiram efeito nas queimadas, que são frequentemente usadas após o corte da vegetação nativa”, explica o coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, Vinicius Silgueiro.

Estado segue sob alerta

O momento ainda não é de trégua, principalmente porque setembro marca o início do período mais crítico para as queimadas no estado. Para os próximos dias, a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indica calor extremo e baixa umidade do ar, variando entre 20% e 30%, cenário propício para a propagação das chamas.

“Para setembro, mês com umidade do ar muito baixa, vegetação seca e ventos fortes, é fundamental manter o estado de alerta e monitoramento frente ao início de eventos de fogo” acrescentou Silgueiro.

Fogo muda de comportamento

A análise também aponta para uma mudança no comportamento do fogo. Diferente de 2024, quando o Pantanal concentrava os municípios com mais registros de queimadas, neste ano a Amazônia e o Cerrado foram mais impactados, com 457,2 mil e 396,4 mil hectares atingidos, respectivamente.

Crédito: ICV

Colniza, na região noroeste, foi o município mais devastado (68,5 mil hectares), seguido por Campinápolis (50,2 mil), Paranatinga (40,5 mil), Nova Nazaré (39,8 mil), Tangará da Serra (35 mil) e Nova Maringá (31,7 mil). Juntos, os 6 municípios representam mais de 30% da área queimada no estado até a data analisada.

Na Amazônia Legal, composta pelos estados de Tocantins, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Acre e Amapá, 4,2 milhões de hectares foram atingidos pelo fogo até 31 de agosto deste ano. No mesmo período em 2024, o número chegou aos 11,6 milhões, o que representa uma redução de 64% em 2025.

Diante desse cenário, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT) vem reforçando a importância de denúncias rápidas, que podem agilizar o combate e reduzir os danos. Em caso de qualquer indício de incêndio florestal, a população deve acionar os números 193 (Corpo de Bombeiros) ou 190 (Polícia Militar).

 

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