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ILPF gera lucro 41 vezes maior que sistemas tradicionais em MT

ILPF gera lucro 41 vezes maior que sistemas tradicionais em MTModelo mostra viabilidade no Cerrado e na Amazônia. Foto: Breno Lobato/Embrapa

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Por André Garcia

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) pode ser até 41 vezes mais lucrativa que os sistemas tradicionais de produção em Mato Grosso. Segundo estudo conduzido pela Embrapa em parceria com o Banco Mundial, a adoção do modelo é viável para agricultores de pequeno, médio e grande porte.

O estudo comparou dois sistemas de ILPF, sendo um em Nova Canaã do Norte (ILPF-A), na Amazônia Legal, e outro em Nova Xavantina (ILPF-C), no Cerrado, com os modelos mais comuns do estado: lavoura em grande escala e pecuária extensiva.

No sistema ILPF-C, que obteve os melhores resultados, a produção segue uma lógica de ciclos integrados: nos primeiros quatro anos, a soja ocupa a área, garantindo receita rápida e sustentando o fluxo de caixa inicial. Em seguida, o espaço é convertido em pastagem de braquiária, usada para recriar e engordar gado de corte.

Paralelamente, árvores de eucalipto são cultivadas para atender à demanda de secagem da soja e para a venda de madeira no longo prazo.

“O componente agrícola tem menor dependência de insumos externos e a produtividade animal é superior devido à melhor qualidade das pastagens”, explica o pesquisador da Embrapa Cerrados, Júlio César dos Reis, um dos responsáveis pelo trabalho.

De acordo com o estudo, essa estrutura explica o desempenho financeiro superior do ILPF-C.  O sistema apresentou Valor Presente Líquido Anual (VPLA) 13 vezes maior que o das lavouras e 41 vezes superior ao da pecuária extensiva.  O índice de lucratividade atingiu 1,36, ou seja, 36 centavos de lucro para cada dólar investido.

Apesar do desempenho superior, o investimento inicial do ILPF-C foi semelhante ao da lavoura: cerca de US$ 1.024 por hectare, enquanto a pecuária extensiva demandou US$ 359/ha. Esse dado reforça que a ILPF entrega mais retorno sem exigir custos muito acima do modelo tradicional.

“Os resultados demonstram que os sistemas de ILPF são mais resilientes, reduzem os custos unitários de produção, promovem o uso mais eficiente dos recursos ambientais e podem contribuir para políticas de redução do desmatamento”, acrescenta Júlio César.

O lucro bruto foi maior no ILPF-C, sendo 8% acima do registrado na lavoura e mais que o dobro da pecuária. Esse resultado foi impulsionado pelo elevado rendimento do componente florestal e pela estratégia de comercialização do gado, favorecida pela localização estratégica da fazenda, próxima à divisa com Goiás.

Viabilidade na Amazônia

Em Nova Canaã do Norte (MT), o modelo apresentou um custo inicial menor, cerca de US$ 430 por hectare, E começou com o cultivo de arroz e soja nos primeiros três anos, seguido pela introdução de pastagens para alimentação de gado de corte e plantio de eucalipto.

Neste caso, o desempenho econômico do ILPF-A foi limitado pela baixa demanda regional por madeira, o que reduziu o potencial de lucro do componente florestal. Ainda assim, o sistema apresentou retorno sobre investimento e taxa interna de retorno superiores aos modelos tradicionais de lavoura e pecuária extensiva.

 

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