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CNA quer mais influência para o agro na COP30

CNA quer mais influência para o agro na COP30Confederação mira em negociações climáticas. Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

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Por André Garcia

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou, nesta quarta-feira, 24/9, seu posicionamento oficial para a COP30, que será realizada de 10 a 21 de novembro, em Belém (PA). O documento defende que os produtores rurais sejam reconhecidos como protagonistas na agenda climática global, com acesso direto a financiamento para ampliar ações de mitigação e adaptação, além de mecanismos que conciliem produção de alimentos, conservação florestal e segurança alimentar.

O documento foi entregue pelo presidente da CNA, João Martins, a autoridades como o enviado especial da Agricultura para a COP30, Roberto Rodrigues, a presidente da Embrapa, Sílvia Massruhá, e o senador Zequinha Marinho (Podemos/PA).

O posicionamento foi construído a partir de encontros com federações estaduais, pesquisadores e entidades do setor, e será usado como subsídio para os negociadores brasileiros e autoridades durante a COP30. A CNA afirma que as particularidades da agricultura tropical devem ser consideradas como soluções imediatas aos desafios climáticos, reforçando o protagonismo do Brasil na produção sustentável de alimentos e energia.

Confira os principais pontos:

O papel do agro nas negociações climáticas

Entre os pontos centrais estão a inclusão da agricultura no centro das decisões globais e a criação de condições diferenciadas de crédito, seguro climático e redução do endividamento para viabilizar tecnologias de baixo carbono. A entidade também defende um mercado de carbono global integrado, capaz de recompensar produtores que adotam práticas sustentáveis e investem na conservação e recuperação de florestas.

Financiamento como gargalo

O documento destaca que o financiamento é o maior entrave para ampliar a escala das soluções climáticas. A meta global definida em 2023 prevê US$ 300 bilhões anuais até 2035, com foco em países desenvolvidos como principais contribuintes. Para a CNA, esses recursos precisam chegar de forma direta aos produtores, garantindo a implementação de sistemas integrados, reflorestamento produtivo e recuperação de pastagens.

Agricultura e adaptação em foco

A COP conta com um grupo específico para discutir agricultura e segurança alimentar, conhecido como Trabalho Conjunto de Sharm el-Sheikh (SSJWA). A CNA defende que os produtores rurais estejam no centro das decisões desse grupo, apresentando projetos que possam captar recursos e reduzir custos de implementação de tecnologias.

No campo da adaptação, a entidade reforça a importância de indicadores globais manejáveis, que respeitem a realidade da agricultura tropical. O objetivo é que as ações implementadas no Brasil sejam reconhecidas internacionalmente, fortalecendo a ambição climática e prevenindo prejuízos decorrentes de eventos extremos.

Amazônia: produção e conservação

Um dos destaques do posicionamento é o capítulo dedicado ao legado da COP30 na Amazônia. A CNA ressalta que a região é lar de 30 milhões de pessoas e de mais de 1 milhão de produtores rurais, responsáveis por sustentar a segurança alimentar local com culturas como arroz, feijão, mandioca, leite, frutas e carne.

A entidade defende que o evento vá além da conservação e reconheça a presença humana como parte inseparável da agenda climática. Entre as nove recomendações apresentadas estão: acelerar a regularização fundiária e ambiental, criar linhas de crédito específicas para produtores amazônicos, combater o desmatamento ilegal por meio de incentivos econômicos e transformar a bioeconomia em vetor de inovação e renda.

Contra barreiras comerciais climáticas

A CNA alerta para o risco de medidas unilaterais, como barreiras comerciais impostas sob justificativa climática, prejudicarem a competitividade do agro brasileiro. No tema da transição justa, a entidade defende que cada país tenha liberdade para construir soluções alinhadas às suas realidades produtivas, sem impor modelos uniformes que comprometam a segurança alimentar global.

Acesse a íntegra do documento.

 

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