Por André Garcia
O Brasil deu sinal verde para um novo ciclo de negócios com o lançamento do Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia (PNDBio) e do Bioeconomy Challenge, nesta terça-feira (11), durante a COP30, em Belém (PA). As propostas integram biodiversidade, tecnologia e desenvolvimento, abrindo espaço para investimentos em cadeias de alto valor agregado e baixo carbono, incluindo o agronegócio.
“A bioeconomia sustentável oferece novas oportunidades para diversificar as exportações, impulsionando o mercado verde e de baixo carbono, protegendo a natureza e gerando meios de subsistência sustentáveis”, explicou Luz María de la Mora, diretora da Divisão de Comércio Internacional e Commodities da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
Coordenado pela Secretaria Nacional de Bioeconomia, o PNDBio define 11 missões estratégicas que vão orientar políticas públicas e ações de fomento pelos próximos dez anos. Entre elas, estão frentes voltadas ao desenvolvimento de bioinsumos, biocombustíveis, biomateriais e à chamada sociobioeconomia.
Para o setor produtivo, o plano representa uma oportunidade de diversificação e reposicionamento competitivo, especialmente em um cenário de mercados mais exigente quanto à origem e ao impacto ambiental dos produtos.
Com prazo implementação até 2035, o PNDBio traz também o desafio de financiar a transição para uma economia mais limpa e inclusiva. Alguns caminhos, de como se dará o financiamento dessa implementação, já foram anunciados juntamente com o Plano, como o Eco Invest Brasil e o Propera Sociobio.
Transição e expansão internacional
O lançamento do Bioeconomy Challenge amplia essa agenda para o cenário internacional. A iniciativa, liderada pelo Brasil em parceria com a sociedade civil e organismos multilaterais, propõe métricas, mecanismos de financiamento e novas regras de mercado para transformar os princípios da bioeconomia em ações concretas até 2028.
Com participação de entidades como FAO, BID, UNCTAD, WRI e NatureFinance, o desafio busca criar padrões globais compartilhados que tornem mensurável o valor econômico da conservação e atraiam capital para atividades sustentáveis. O foco está em cinco áreas prioritárias: florestas, agricultura regenerativa, sociobioeconomia, bioindustrialização e inovação financeira.
Segundo a secretária nacional de Bioeconomia, Carina Pimenta, o objetivo é preencher as lacunas que ainda limitam o avanço do setor.
“Para que a bioeconomia se torne realmente uma estratégia transformadora, precisamos de métricas claras, financiamento inovador e desenvolvimento de mercado inclusivo. O Bioeconomy Challenge reúne governos, empresas e comunidades para transformar essa visão em ação”, afirmou.
Novo vetor de crescimento
Em um cenário em que cerca de US$ 7 trilhões ainda são aplicados anualmente em atividades que geram impacto direto sobre a natureza, a bioeconomia surge como alternativa concreta para redirecionar investimentos. A proposta é canalizar esses recursos para cadeias capazes de regenerar ecossistemas, fortalecer comunidades locais e ampliar a resiliência econômica, conectando conservação e competitividade.
Mais do que um conceito ambiental, a bioeconomia começa a se firmar como vetor global de crescimento resiliente e inclusivo. O setor reúne todas as atividades econômicas baseadas no uso sustentável de recursos biológicos — de biocombustíveis e bioinsumos a novos materiais e fármacos — e é apontado como peça-chave para a descarbonização e a inovação produtiva.
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