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Inovação é aposta de empresários para alavancar bioeconomia

Inovação é aposta de empresários para alavancar bioeconomiaDesenvolvimento de fármacos e produção de “superalimentos” são possibilidades. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Empresários e executivos de grupos como Itaú, Natura e Dasa querem alavancar o desenvolvimento na Floresta Amazônica. Por meio do projeto “Estratégia para fortalecer ciência, tecnologia e inovação em bioeconomia na Amazônia”, liderado pelos institutos Arapyaú e Agni, a aposta é a sustentabilidade econômica como estratégia de conservação.

Foi o que explicou ao Estadão o membro do conselho de administração do Itaú, Candido Bracher, que faz parte do grupo consultivo criado para orientar a iniciativa. Para ele, o avanço do tema deve resultar em empregos e maior atividade econômica. Como já mostramos, o setor pode movimentar cerca de R$ 1,3 trilhão no Brasil até 2030.

“Você não sustenta baixos níveis de desmatamento apoiado exclusivamente na aplicação da legislação ambiental. Esse desenvolvimento da ciência na Amazônia é um esforço para criar riqueza econômica na região, de modo a tornar sustentável a proteção da floresta”, afirma.

Entre as atividades possíveis apontadas pelo grupo estão cultivo de cacau, desenvolvimento de fármacos ou cosméticos, produção de “superalimentos” (alimentos com grande concentração de vitaminas, proteínas, minerais e fibras) e geração de energia através de biomassa, entre outros.

O presidente da Lojas Bemol (rede de varejo com atuação no Norte do País), Denis Minev, destaca que projetos brasileiros como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) são exemplos do que precisa ser feito e de como a inovação pode transformar a economia.

“Todo mundo reconhece que a Amazônia é um patrimônio da biodiversidade. Mas ela não tem gerado os benefícios que pode gerar, porque não temos investido com a pujança que deveríamos. Em alguns momentos, como quando o ITA foi criado, o Brasil foi ambicioso e decidido a fazer algo. Na Amazônia, ainda não adotamos essa postura.”

Desafios

Idealizada em 2022, a iniciativa está em andamento desde o ano passado, quando mais de 70 entrevistas foram realizadas com pesquisadores que vivem na região para se ter um diagnóstico da situação. Além disso, viagens à Amazônia foram feitas para mapear os gargalos do desenvolvimento tecnológico na região.

“A conclusão dessa parte inicial do projeto é que os elos estão desconectados. É preciso reforçar pontes. Há diversas agências de fomento atuando na região, mas muitas não se relacionam com as comunidades locais”, diz Lívia Menezes Pagotto, gerente do Instituto Arapyaú (instituição filantrópica criada por Guilherme Leal, cofundador da Natura).

Ao ressaltar que é preciso conectar o conhecimento, Lívia destaca que muitas das pesquisas desenvolvidas na região não refletem a realidade da Amazônia e, portanto, não podem ser usadas como soluções por empresas e empreendedores que trabalham com bioeconomia.

Segundo o ex-presidente do conselho de administração do Grupo Ultra Pedro Wongtschowski, hoje, a maioria das instituições públicas de ciência e tecnologia da Amazônia Legal não têm condições ideais de funcionamento. Neste cenário, um dos entraves para o avanço da pesquisa e inovação na região é a retenção de pesquisadores.

“Jovens promissores têm ido embora. Precisamos criar um ecossistema de inovação para as pessoas ficarem lá. Estamos analisando como fazer isso”, afirma Wongtschowski, que tem participado de reuniões periódicas sobre o tema e ajudado no desenvolvimento de propostas.

Ele também diz estar “convencido” de que há dinheiro para alavancar a ciência na Amazônia, mas que é preciso criar os projetos e a governança adequada para atrair recursos.

Próximos passos

Agora, o grupo pretende levar para Brasília um conjunto de atos e instrumentos normativos, como projetos de lei, reforço de decretos e sugestões de governança, para desenvolvimento de pesquisa e ciência na região. As propostas serão apresentadas na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que acontecerá em junho.

De acordo com Pagotto, do Instituto Arapyaú, o próximo passo do programa é levantar recursos por meio de filantropia para realizar uma pesquisa que possa trazer soluções tecnológicas para uma atividade econômica da região amazônica.

 

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