Por André Garcia
Na mira de investidores e sob os holofotes da COP30, em Belém (PA), a restauração florestal e o mercado de carbono avançam sob a pressão de prejuízos causados por eventos climáticos extremos. É nesse cenário que surge o Biosseguro, novo modelo de seguro ambiental criado para garantir a continuidade desses projetos por empresas e produtores rurais.
A ferramenta, lançada nesta terça-feira (18), durante a conferência do clima, é inédita no Brasil e aposta na valorização da floresta em pé. Assim, além de proteger áreas de restauração e reflorestamento contra incêndios, vai atender às demandas do crescente mercado de carbono e das iniciativas de bioeconomia e de conservação ecológica e florestal.
“Há um consenso crescente de que a restauração florestal será determinante para atingir as metas climáticas. Mas isso exige previsibilidade para quem financia e executa os projetos. Nosso papel é oferecer instrumentos que garantam continuidade e credibilidade, mesmo diante de eventos extremos”, explica Fátima Lima, diretora de sustentabilidade da Mapfre.
Como funciona
A proposta oferece aos investidores segurança para manter projetos florestais mesmo em tempos de clima adverso. Assim, o seguro cobre a recomposição da vegetação nativa e a manutenção da capacidade de sequestro de carbono pelas árvores. Isso inclui desde custos com replantio até a recuperação da função ecológica da área recuperada.
O produto se destina a empresas e proprietários rurais com projetos ambientais estruturados e inventário de carbono, com potencial de expansão à medida que o mercado regulado avance e novas ferramentas de monitoramento e certificação sejam adotadas. A contratação exige documentação e inventário florestal que comprove esse potencial.
Crise climática exige inovação
O pesquisador Paulo Artaxo, do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, em português), destacou que o planeta caminha para um aumento médio de 2,83°C, podendo chegar a 4,5°C no Brasil, cenário que intensifica riscos e amplia prejuízos. Para ele, enfrentar esse quadro exige combinar redução de emissões, adaptação e gestão de impactos, principalmente em países de renda média e baixa.
“A adaptação deixou de ser uma opção; quanto antes ocorrer, serão menores os custos sociais e econômicos”, explicou.
Essas projeções reforçam o peso dos riscos climáticos sobre o Brasil. Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), as perdas podem chegar a R$ 17 trilhões até 2050, caso o aquecimento global alcance 4°C, sobretudo em um cenário de baixa cobertura securitária.
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