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Transporte e armazenamento inadequados podem afetar qualidade da soja

Transporte e armazenamento inadequados podem afetar qualidade da sojaTransportar soja em caminhão pode afetar qualidade dos grãos. Foto: Appa

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Por André Garcia

Frente à possibilidade de que a China imponha mais exigências para a compra de soja do Brasil, seu maior exportador, produtores saem em defesa do grão nacional, cujo o teor médio de proteína nas últimas safras beirou os 37%,  enquanto o da soja norte-americana, sua principal concorrente, foi de 34,7%.

Para o setor, o pedido da Administração Estatal de Regulamentação do Mercado e a Administração de Padronização da República Popular da China protocolado na Organização Mundial do Comércio (OMC) diz respeito, sobretudo, ao grau de impurezas e aos grãos quebrados e fermentados, e não aos teores mencionados (no caso, mais óleo e proteína, e menos umidade).

“Há vários fatores que podem causar essa queda na qualidade. O armazenamento e o transporte são alguns deles. O País é muito extenso e a maior parte da soja é transportada de caminhão, o que contribui para isso”, explica o chefe da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno.

A questão foi discutida em consulta pública feita pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), acerca da Portaria SDA nº 532/2022, referente ao Regulamento Técnico que define o padrão oficial de classificação da soja e de seus subprodutos, considerando requisitos de identidade e qualidade.

Dentre os pontos abordados estão a amostragem, o modo de apresentação e a marcação ou rotulagem. O objetivo é tornar a norma brasileira mais clara e objetiva em relação a outros países, condizente com a realidade de produção atual e, principalmente, sustentada em critérios científicos.

À reportagem do Gigante 163, a pasta informou que a discussão já se encerrou e agora a área técnica está tabulando as sugestões recebidas. A previsão é que ocorra um seminário para o debate do tema no início de setembro para, posteriormente, ser realizada audiência pública.

Conforme diz Nepomuceno, o teor de proteína do grão está diretamente ligado à sua eficiência, o que justifica a movimentação do mercado.

“Isso significa mais eficiência na produção, ou seja maior ganho de peso entre bovinos e suínos, por exemplo. Então a qualidade superior, agrega mais valor ao produto”, afirma.

Ele destaca que a tendência é que, quando se aumenta produtividade da variedade, a proteína é diminuída. Ou seja, quanto mais soja se produz por hectare, menor o teor de proteínas que estará presente no grão. Diante disso, a Embrapa Soja já deu início a estudos sobre o tema.

Nesta equação, além da questão genética e dos fatores ambientais é preciso destacar a disponibilidade de nitrogênio. Esse elemento, presente no ar, se acumula na planta por meio da ação de bactérias e é utilizado ao longo do ciclo da soja  no período de enchimento de grãos.

Entre as fontes de nitrogênio que a planta utiliza, a principal é o da fixação biológica, que é dependente de água. Portanto, as condições climáticas durante o cultivo da soja também interferem na concentração de proteína nos grãos.

Questionado sobre os efeitos da seca sobre a qualidade da soja, Alexandre reforçou que é importante considerar a média dos últimos anos e não apenas os registros mais recentes.

“É importante destacar que nossa soja é a mais sustentável. Não fazemos fixação por base fóssil, o que torna o processo quase 300% mais poluente pela emissão de CO2. A soja brasileira também conta com manejo integrado de pragas, o que reduz aplicações de agroquímicos”, defende Alexandre.

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