HomeEcologia

Abelhas geram economia de R$ 50 bilhões por ano à agricultura

Abelhas geram economia de R$ 50 bilhões por ano à agriculturaAbelhas geram economia de R$ 50 bilhões por ano ao agro brasileiro. Foto: Embrapa

Ibama restringe uso de agrotóxico Tiametoxam para proteger abelhas
Agrotóxicos sob suspeita por morte de abelhas no Brasil
População de borboletas, abelhas e besouros estão em queda no Brasil

A Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos estima que o trabalho silencioso dos polinizadores, com liderança das abelhas, gera uma economia de até 10 bilhões de dólares (cerca de R$ 50 bilhões) por ano à agricultura brasileira. Esse seria o montante extra a ser desembolsado para produção de alimentos caso os insetos não colaborassem, segundo informações são do site alemão DW.

“O desaparecimento das abelhas tem implicação direta na produção de alimentos. Elas são polinizadoras, muito importantes na agricultura, grandes responsáveis pela formação de frutos e sementes”, contou Vinina Ferreira, professora da Universidade Federal do Vale do São Francisco.

Esse alerta mobilizou centenas de pesquisadores na elaboração da maior força-tarefa já feita para salvar as abelhas no País. Chamado de Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Insetos Polinizadores Ameaçados de Extinção, ele tem entre suas prioridades reduzir o efeito dos agrotóxicos sobre os insetos, preservar a vegetação, combater incêndios e impactos das mudanças climáticas para manter os polinizadores vivos.

“O Brasil é o país mais rico em biodiversidade e tem uma responsabilidade especial por conta disso”, avaliou Braulio Dias, diretor de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade no Ministério do MMA e ex-secretário executivo da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica.

Também coordenador do Projeto Pró-Espécies do MMA, Dias desenvolve planos para reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação de pelo menos 290 espécies criticamente em perigo. De acordo com ele, no Brasil, cerca de 120 mil espécies de animais e 50 mil de plantas foram descritas, mas estima-se que esse número represente apenas 10%  da biodiversidade que habita as terras brasileiras.

“Não importa se estamos falando de grandes mamíferos, de abelhas ou de organismos minúsculos. Manter a biodiversidade é garantir a produção de alimentos do país, a produção de água. A saúde humana depende da saúde da natureza”, defende Dias.

Preservar a vegetação

Polinizadores saudáveis precisam de vegetação preservada e a criação de novas áreas protegidas é uma das estratégias que Dias, do MMA, defendeu contra o desaparecimento da fauna e flora brasileira.

“Essas áreas são importantes para amortecer pressões que vêm com a expansão das atividades econômicas, como construção de estradas, agricultura, mineração, retirada de madeira e pesca, entre outros”, avaliou.

Os efeitos dos agrotóxicos sobre as abelhas, especialmente sobre o sistema neurológico, já são relativamente bem descritos pela ciência.

“Quando contaminadas, elas não conseguem voltar à colmeia para comunicar às outras onde está o recurso, o alimento. Isso causa um caos”, exemplifica a pesquisadora.

Braulio Dias frisou a importância sobre a conscientização de que manter a biodiversidade é garantir a produção de alimentos do país, assim como a produção de água.

“A saúde humana depende da saúde da natureza”, concluiu.

Espécies ameaçadas

Pelo menos quatro espécies de abelhas no Brasil estão ameaçadas de extinção, segundo avaliação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA): Melipona scutellaris, com maior distribuição no Norte e Nordeste; Melipona capixaba, que vive em regiões montanhosas do Espírito Santo; Melipona rufiventris, conhecida como uruçu amarela do Cerrado; e Partamona littoralis, da Mata Atlântica.