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Fávaro afirma que é possível avançar na agricultura sem desmatar

Fávaro afirma que é possível avançar na agricultura sem desmatarFávaro defendeu diálogo do governo com setor. Foto: Reprodução/ TV Cultura

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O ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, afirmou na segunda-feira, 22/5, que é possível produzir sem desmatar no Brasil e reforçou que o governo planeja criar linhas de crédito por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para investimento em recuperação de terras degradadas.

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ele disse que até mesmo no Cerrado, onde se concentra a maior parte da agricultura de grãos do País, é possível avançar a agricultura sem desmatar, plantando apenas em áreas degradadas.

Fávaro explicou que, ao final do seu mandato, quer ser lembrado como um ministro que pensou à frente do seu tempo, investindo na ciência e defendendo a ideia de que o meio ambiente não é uma adversidade para produtores, e sim um grande ativo.

“Que ele (produtor) tenha orgulho de dizer ‘eu cuido do meio ambiente da minha propriedade, porque isso me garante sustentabilidade e constância de chuva e de clima; eu respeito o meio ambiente, por isso produzo tanto’. É assim que gostaria de ser lembrado”, disse.

A fala do ministro veio após ele defender o que chamou da “nova coqueluche”: os bionsumos. Para Fávaro, a importância dos fertilizantes biológicos surgiu com os debates para a criação do Plano Nacional de Fertilizantes, projeto que tem envolvido vários ministérios e que, na sua opinião, é primordial na busca por encontrar fórmulas de o Brasil ser menos dependente da importação desses insumos.

“Os bioinsumos são nova coqueluche, é produção sustentável, que abaixa o custo, é biodegradável, que respeita o meio ambiente”, revelou.

Os leitores do Gigante 163 já sabem que, a partir de tecnologias sustentáveis, os bioinsumos barateiam a produção garantindo, têm maior eficiência no controle de pragas e na fertilização, além de trazer uma série de outras vantagens ao produtor. 

Durante o programa da TV Cultura, Fávaro criticou a concepção do sistema do Cadastro Ambiental Rural, mecanismo importantíssimo para possibilitar o agricultor produzir com sustentabilidade, segundo ministro.

“O sistema é extremamente falho. Quando foi concebido a visão era de povoamento de informação. Por isso, ele era autodeclaratório e sem nenhuma responsabilização de quem declarou. Alguém ia lá fazia um cadastro ambiental rural em cima de uma área indígena e está lá valendo. Há uma imensidão de cadastros com superposição e, por isso, nunca vai andar”.

De acordo com o ministro, que defende que o Sistema Florestal Brasileiro fique no Ministério do Meio Ambiente, é preciso reconstruir o sistema para que ele possa dar autonomia ao CAR e tirar todas as inconsistências criadas pela autodeclaração.

Lula e o agro

Durante a entrevista, o ministro afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer melhorar a relação com o agronegócio, apesar da tensão entre o setor e a gestão petista.

“(O presidente) quer se aproximar, ele me pergunta por que não gostam dele”, disse Fávaro.

Fávaro citou iniciativas de governos passados de Lula, como a regulamentação do uso de transgênicos no Brasil, a criação do Programa Nacional do Biodiesel e a repactuação de um endividamento de 20 anos do setor agropecuário.

“Por tudo isso, o agronegócio saiu de um patamar e foi para outro muito maior, graças a essa persistência e dedicação do presidente Lula. Então, quando ele toma alguma frase um pouco mais forte, nós temos de respeitar a posição política dele”, disse.

Sobre o episódio da Agrishow, Fávaro afirmou que o ex-presidente da feira, Francisco Matturro, se deixou envolver por uma quebra de protocolo.

“Não se percebeu que estava se deixando envolver por questões políticas”, disse o ministro.

A ausência de Fávaro e a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro no primeiro dia da principal feira de tecnologia agrícola do País foi motivo de atrito entre o governo e a organização do evento, no início deste mês.

“Para mim é caso superado”, revelou.

Questionado sobre ações para pacificar as relações do governo com o agronegócio, o ministro ressaltou que praticamente todas as entidades representativas de classe do setor já foram recebidas no Ministério da Agricultura para informar dificuldades e buscar soluções e políticas públicas.

“Avançou muito o diálogo”, concluiu.

Com informação do Estado Conteúdo