Por André Garcia
Embora o desmatamento tenha recuado 30,6% na Amazônia, 25,7% no Cerrado e 74% no Pantanal no último ano, a destruição voltou a subir em maio, indicando pressão sobre áreas críticas. Os dados, divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) nesta quinta-feira, 6/6, são dos sistemas PRODES e DETER.
De acordo com o levantamento, em maio de 2025, o desmatamento na Amazônia chegou a 960 km², uma alta de 92% em comparação ao mesmo mês de 2024. Foi o segundo pior maio da série histórica, atrás apenas de 2021.
O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), João Paulo Capobianco, explicou que a alta está diretamente ligada ao agravamento dos incêndios florestais. Mais da metade (51%) do desmate no período ocorreu em áreas de floresta incendiada, superando pela primeira vez os alertas associados ao corte raso.
“O impacto dos incêndios florestais ao longo da história foi relativamente baixo sobre a taxa de desmatamento. Mas, agora, com o agravamento das mudanças climáticas, com a maior fragilidade da cobertura florestal, estamos começando a assistir uma mudança de cenário que comprova os alertas que vinham sendo feitos”, disse.
No acumulado de agosto de 2024 a maio de 2025, o desmatamento na Amazônia soma 3.502 km², o que representa alta de 9,7% em relação ao mesmo período anterior.
“A floresta tropical, que é naturalmente imune a grandes incêndios, pela sua umidade, está sofrendo impacto muito grande das mudanças climáticas, reduzindo a sua resistência a incêndios e tornando-se mais vulnerável. Os dados infelizmente começam a aparecer nas estatísticas”, acrescentou Capobianco.
Mapa da destruição
No Cerrado, o desmatamento totalizou 4.583 km² entre agosto de 2024 e maio de 2025. A queda de 22% marca a primeira redução após cinco anos consecutivos de alta no bioma. Em maio, o volume mensal foi de 885 km², o que representa recuo de 15% em relação ao mesmo mês de 2024.
Já no Pantanal, os alertas caíram de 1.035 km² para 267 km² entre os dois ciclos anuais analisados. Em maio, a área sob alerta caiu de 51 km² no ano passado para 18 km² em 2025. Ainda assim, o bioma segue vulnerável, especialmente em razão da seca prolongada e do risco de reativação de focos durante a estiagem.
No recorte por Estados, a maior alta em maio foi registrada em Mato Grosso (237%, de 186 km² para 627 km²), onde os municípios de Feliz Natal, União do Sul e Porto dos Gaúchos têm os maiores índices. Na sequência vem Amazonas, com aumento de 22% (de 117 km² para 143 km²) e Pará, com oscilação de 5% (de 138 km² para 145 km²).
Sistema de alertas ajuda a antecipar riscos
Enquanto o PRODES mede o desmatamento consolidado anualmente, com base em imagens de satélite entre agosto e julho, o DETER emite alertas quase diários para subsidiar a fiscalização em campo, com atualizações mensais. Isso permite detectar tendências em tempo real, mesmo antes da validação final.
LEIA MAIS:
Combate ao desmatamento recebe aporte de R$ 825,7 milhões
Águas de Bonito perdem transparência com desmatamento
Desmatamento ilegal causa prejuízo de R$ 16 milhões em MT
Agropecuária é responsável por 97% do desmatamento no Brasil
Desmatamento avança sobre sítios arqueológicos do Cerrado
União Europeia simplifica aplicação da lei antidesmatamento
Desmatamento impede geração de energia para 1,5 milhão de pessoas