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Longe do mar, MT tem simpatias de Ano Novo ligadas à culinária

Longe do mar, MT tem simpatias de Ano Novo ligadas à culináriaO cheiro de pequi pelas ruas anuncia o final do ano em MT. Foto: Embrapa

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Por André Garcia

No Centro Geodésico da América do Sul, a 1.600 km do Oceano Pacífico e do Oceano Atlântico, pular sete ondas para trazer sorte na virada do ano não é uma opção. Em Mato Grosso, as simpatias para o Réveillon têm caráter culinário, reforçado, sobretudo, por sua herança rural e pelos sabores dos frutos comuns no Estado.

A capital, Cuiabá,  reflete um pouco desse espírito. É o que conta ao Gigante 163 a terapeuta holística Vera Rondon.

“Aqui o final do ano tem cheiro e cor. Sabemos que as festividades chegaram pelo cheiro de pequi que se espalha pelas ruas e perfuma o ar com seu aroma marcante. Dizem que os indígenas roem a fruta e, ao mesmo tempo, furam um buraco no chão com o dedão do pé e ali enterram a semente.”

Afora polêmicas que envolvem o gosto forte do fruto, parte dos mato-grossenses mantém a tradição de comer aves no Natal, deixando para o Réveillon o porco caipira, criado nos sítios. Vera explica o porquê.

“A superstição é que o porco fuça a comida que come para frente, trazendo assim prosperidade. Já as aves ciscam para trás, portanto, quem come frango, por exemplo, na virada do ano, também vai andar para trás no próximo ano.”

Já a cesta de frutas, que pode até contar com o toque regional da manga, do caju e da bocaiúva, ganha uma companhia de peso que vem lá do Oriente Médio. “Não pode faltar a romã, que chamamos de fruta da felicidade”, afirma a terapeuta.

O preparo do alimento também é importante. “As pessoas mais antigas dizem que na preparação do alimento para a ceia da virada não pode haver conversas negativas ou assuntos pesados para que o alimento não se contamine pela negatividade, o que pode trazer azar.”

Para Vera, contudo, independentemente do cardápio, é preciso entrar no Ano Novo com boas energias e alma lavada de sentimentos negativos.

“Na visão terapêutica, precisamos encerrar ciclos para recebermos o novo de Deus, do universo e de nós mesmos. Se nós precisamos receber um presente é preciso esvaziar as mãos para que elas carreguem o nosso novo.”

Ou seja, o que pesa carregar ou que não serve mais deve ser deixado para trás, sejam relações ou roupas e sapatos que não usamos.

“Armários e gavetas entulhadas também entulham a nossa existência. Esvaziar requer coragem e desapego, mas depois que fazemos a sensação de bem estar e dever cumprido é sensacional.”

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