HomeEcologia

Mato Grosso foi o segundo maior destruidor da Amazônia Legal em setembro

Mato Grosso foi o segundo maior destruidor da Amazônia Legal em setembro

Mato Grosso teve 1 mihão de hectares queimados de janeiro a agosto
Desmate cresce no Cerrado e chega a 238% em novembro
Tendência de queda: desmate na Amazônia é o menor em cinco anos

Por: André Garcia 

Mato Grosso é o segundo colocado no ranking mensal do desmatamento da Amazônia Legal em setembro. Com 340 km² de floresta derrubados, o Estado perde apenas para o Pará, com 531 km², e fica à frente do Amazonas, com 284 km². Rondônia e Acre também se destacam pelos elevados números — 154 e 121 km², respectivamente.

De abril até agora a Amazônia perdeu área de mais de 7,6 mil km², maior que duas cidades do tamanho de Cuiabá. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e mostram que o bioma teve o seu pior registro para o mês de setembro durante o atual governo federal, com 1.454 km² desmatados.

O valor supera por pouco os 1.453 km² registrados em setembro de 2019, que era, até aqui, o pior setembro já registrado pelo Instituto. A título de comparação, a derrubada registrada neste mês equivale à área de uma cidade como Serra Nova Dourada, município no interior de Mato Grosso.

Em matéria publicada nesta sexta-feira (7), o jornal Folha de São Paulo destacou que o desmate em setembro aumentou significativamente em relação ao mesmo mês de 2021, com um crescimento de quase 48%.  Além disso, em quatro meses seguidos, houve registros de mais de1.000 km² derrubados.

Queimadas

A série histórica do Deter, programa utilizado pelo Inpe, tem início em 2015. Antes disso já havia monitoramento, mas, pela melhora nos sensores de detecção, não são válidas as comparações com períodos anteriores.

Além do desmate recordista, setembro foi o pior mês em queimadas em mais de uma década, segundo o programa Queimadas, também do Inpe. Foram mais de 41 mil focos de calor na floresta em setembro deste ano. A casa dos 40 mil incêndios não era alcançada desde 2010, quando foram registrados mais de 43 mil focos de fogo no bioma.

A Folha também menciona a relação entre os crimes, uma vez que, após a derrubada da floresta, os desmatadores usam o período seco (no qual estamos) para incendiar a mata derrubada como forma de “limpar” o terreno. Estes espaços são usualmente destinados à pastagem de gado ou como forma de reivindicação da área.

Escalada

Em agosto a situação não foi melhor e o desmatamento explodiu em relação ao mesmo mês do ano passado com a derrubada de 1.661 km². O aumento é de 81%, o segundo maior observado em agosto no histórico recente. As queimadas também deixaram marcas no período, quando houve o maior número de focos de fogo desde 2010: 33.116.

O primeiro trimestre deste ano, momento no qual o desmate e queimadas na Amazônia costumam ser menores, já apontava uma possível situação de dados crescentes em 2022. Os alertas de desmatamento nesse período bateram recorde no histórico recente, ficando próximo a 1.000 km² de floresta derrubada.

Política de governo

O desmatamento já apresentava crescimento, mas explodiu desde o início do atual governo, sobre o qual resumiu a ministra Carmen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), durante recente julgamento sobre política ambiental da gestão atual. Segundo ela, o Brasil tem sofrido um quadro de “cupinização institucional “, uma corrosão interna e invisível das instituições, sobretudo das que tratam do meio ambiente.

LEIA MAIS:

Desmatamento na Amazônia bate recorde no primeiro trimestre de 22

MT é o terceiro no ranking de destruição da Amazônia

Desmate avança sobre a Amazônia e acende alerta para o agronegócio

Plantação de soja cresce e ocupa 10% do Cerrado

Desmate na Amazônia explode em agosto e alcança 2ª pior marca

Rios voadores e corredores de fumaça: entenda como nuvens transportam o bem e o mal