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O que podemos esperar sobre os impactos do calor extremo?

O que podemos esperar sobre os impactos do calor extremo?Especialistas alertam sobre aumento da temperatura e ausência de chuvas. Foto: Pixabay

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A Europa registou o julho mais quente de sua história. Um verão que foi marcado pela quebra de recordes diários de temperatura. O momento atual é explicado pela formação de um anticiclone em latitudes médias e altas. Esse fenômeno cria áreas de alta pressão, comprimindo e elevando a temperatura do ar devido à circulação atmosférica causada pela diferença de aquecimento entre as regiões equatoriais e polares, de acordo com reportagem da BBC Brasil.

De acordo com André Turbay, mestre e doutor em Gestão Urbana, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e coordenador do ClimateLabs — programa da União Europeia para mitigação da crise climática,  o fenômeno vai além da Europa.

“Também tivemos isso em outras áreas do Hemisfério Norte. Foi registrado um pico de 52,2ºC na China (no município de Sanbao, em Xinjiang) e de 51ºC nos Estados Unidos (em Corpus Christ, Texas)”, explicou ao site.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, disse ao jornal Folha de S. Paulo que era inegável que a culpa pelo planeta estar tão quente é dos humanos e que as condições atuais são consistentes com alertas emitidos por cientistas.

“A única surpresa é a velocidade da mudança. A mudança climática está aqui, é aterrorizante e é só o começo. A era do aquecimento global está acabando —a era da fervura global chegou”, afirmou.

E o Brasil com isso?

Especialistas alertam que, embora o país não possua as mesmas características geográficas do Hemisfério Norte, ainda está sujeito a ondas de calor cada vez mais intensas e recordes de temperatura devido às mudanças climáticas e fenômenos atmosféricos.

À BBC, André Turbay revelou que estamos propensos às temperaturas mais altas, as mudanças climáticas, que impactam o mundo todo e a degradação de diferentes biomas podem levar a verões cada vez mais quentes.

“A gente observa pelos dados de séries históricas que temos o aumento da temperatura no território brasileiro também, principalmente em áreas que já são reconhecidas como de calor intenso, como o Centro-Oeste”, pontou

O recorde de calor no país foi registrado na região mencionada por Turbay. Em novembro de 2020, os termômetros atingiram 44,8ºC em Nova Maringá, localizado no centro-norte de Mato Grosso, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia.

O site MetSul lembra que o regula os extremos de calor brasileiro é a chuva. A existência de uma temporada seca e outra chuvosa. Países que no momento enfrentam calor extremo na Europa não possuem uma temporada de monções (chuva) tão marcante como o Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil. No verão, a atmosfera está mais úmida e a chuva é bastante frequente, o que tende a frustrar extremos de calor maiores.

A presença do El Niño

O maior aquecimento do planeta, com sucessivas e simultâneas ondas de calor marinhas somado a um El Niño forte neste ano pode levar a extremos térmicos de calor excessivo em áreas do Sudeste, do Centro-Oeste, do Sul da região amazônica e do interior do Nordeste, especialmente entre setembro e novembro, advertiu a MetSul Meteorologia.

A meteorologista Estael Sias acredita que os eventos extremos, como os observados na Europa, porém,  têm o potencial de ocorrer em momentos diferentes do ano, sendo mais prováveis no Centro-Oeste entre setembro e novembro, e no Sul do Brasil durante o período de verão climático, que abrange dezembro a fevereiro.