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Pantanal e Amazônia puxam queda histórica de focos de incêndio

Pantanal e Amazônia puxam queda histórica de focos de incêndioBrigadistas do PrevFogo/Ibama combatem incêndios florestais. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Por André Garcia

Entre janeiro e 7 de agosto de 2025, o Brasil registrou cerca de 30 mil focos de incêndio — o menor número para o período dos últimos 12 anos, segundo o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A última vez que o País havia atingido patamar semelhante foi em 2013, quando foram contabilizados 28 mil casos.

A redução foi ainda mais expressiva no Pantanal e na Amazônia. No primeiro caso, os registros despencaram de aproximadamente 6,6 mil, no início de 2024, para apenas 126 neste ano. Enquanto isso, na Floresta Amazônica, o total caiu de 30 mil para 7 mil ocorrências.

Mato Grosso, mesmo com queda de 69% em relação a 2024, voltou a liderar entre os estados. Foram 5.760 focos contra 19.032 no ano passado. Ainda assim, o resultado é o segundo melhor da série histórica para o período, atrás apenas de 2011, quando 5.468 registros foram contabilizados.

Motor da destruição

De acordo com o secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima (MMA), André Lima, os incêndios florestais são, em parte, reflexos de um mundo mais quente e do desmatamento.

“Em condições normais de temperatura e pressão, o fogo não entra dentro de uma floresta úmida. O problema é que, com a mudança do clima, o agravamento do déficit hídrico e o desmatamento vão criando maior vulnerabilidade na floresta. Antes, ela era um abafador dos incêndios. Na época de seca, ela passa a ser um combustível”, alertou.

Estrutura ampliada

Conforme o Inpe, 278.299 focos de incêndios florestais foram contabilizados no Brasil em 2024. O número representa um aumento de 46,5% em relação ao ano anterior. Para lidar com este quadro, o Governo Federal reforçou os investimentos e as ações de controle e combate.

“De fato, está tendo um número bem abaixo da média, e eu atribuo a dois fatores. O primeiro é que o ano passado foi completamente fora da curva. Saiu o efeito El Niño (que afeta padrões de chuva) e voltamos a ter um ano praticamente com um efeito neutro. Com um fator a mais, que foi toda a implementação da política derivada da situação do ano passado”, explicou Lima.

Atualmente, o País tem o maior contingente de brigadistas federais da história, formado por 4.385 profissionais, um aumento de 26% em relação a 2024. Foram contratados ainda sete novos helicópteros para uso do Ibama, aos quais se somarão mais quatro até o início de agosto, elevando para 11 a quantidade de aeronaves à disposição do instituto.

Fundo Amazônia e legislação reforçam combate

O reforço estrutural foi impulsionado em parte por recursos do Fundo Amazônia, que desde 2023 aprovou R$ 405 milhões para apoiar os corpos de bombeiros dos nove estados da Amazônia Legal. Deste total, já foram contratados R$ 370 milhões. Pela primeira vez, o fundo também contemplou o Cerrado e o Pantanal.

Além disso, novas regras ampliaram a capacidade de resposta do País. A Lei 15.143/2025, sancionada em junho, autorizou a transferência direta de recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) para estados e municípios, reduziu o intervalo de recontratação de brigadistas e abriu espaço para o uso de aeronaves estrangeiras em emergências.

As mudanças vieram acompanhadas de mais rigor nas punições: em setembro de 2024, foi assinado decreto que aumentou as sanções por incêndios florestais, consolidando a estratégia de prevenção e combate.

 

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