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Pior seca em 44 anos atinge mais da metade dos estados do Brasil

Pior seca em 44 anos atinge mais da metade dos estados do BrasilEm vários trechos, 16 estados registraram o pior índice no período. Foto Reprodução/ PRM

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Em um cenário de apocalipse, a fumaça e o fogo crescem no Brasil, deixando um rastro de morte e destruição que avança por reservas ambientais, fazendas, empresas e agora, também para as cidades. Em mais da metade dos estados do País, a tragédia é alimentada pelo pior período de seca registrado nos últimos 44 anos.

É o que aponta levantamento do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), feito a pedido do g1. Na lista, estão Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Piauí, Maranhão e Tocantins.

Ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), o Cemaden fornece periodicamente dados ao Governo Federal sobre a situação. De acordo com a especialista no monitoramento de secas, Ana Paula Cunha, além de extensa pelo país, é a primeira vez em anos de monitoramento que se observa uma seca tão longa.

“A gente nunca tinha visto de forma tão expandida pelo país, fora dos estados do semiárido, uma seca tão longa. Já são 12 meses de duração. Isso é um cenário muito preocupante”, pontuou.

O Brasil completa 12 meses sob o efeito de seca na maior parte do território. Segundo o ranking da entidade, em vários trechos, 16 estados registraram o pior índice no período em 44 anos, mas a estiagem se prolonga por quase todas as unidades da federação, com exceção do Rio Grande do Sul, porém com intensidade menor.

Hoje, mais de 3,8 mil cidades estão com alguma classificação de seca (de fraca a excepcional). O índice de seca é calculado com base no índice de chuva, variando conforme a proximidade ou distância da média e período, e, como vem sendo mostrado pelo Gigante 163, a situação não deve melhorar nos próximos meses.

Para se ter uma noção, o número de cidades nessa situação aumentou quase 60% entre julho e agosto e, segundo o Cemaden, os números de agosto ainda são uma prévia e até o fim do mês.

“Quanto mais tempo esse cenário durar, mais impactos ele causa, mas mais que isso, é mais difícil ainda de recuperar. A situação é tão grave que é preciso ciclos de chuva acima da média para ajudar a amenizar e isso não vai acontecer no próximo ciclo. Não vai ser o suficiente”, explicou Ana Paula.

Cronologia da seca

Os primeiros registros foram feitos em junho de 2023, com a chegada do El Niño, que mudou os ciclos de chuva pelo país. Ali, a expectativa era de que o período chuvoso em outubro de 2023 pudesse amenizar o impacto, mas não foi isso que aconteceu. Com muitos bloqueios atmosféricos, que impediram que as frentes frias avançassem, o índice ficou abaixo da média em quase todo o país, com exceção do Rio Grande do Sul. A região Norte viveu a pior seca já vista até então.

No início de 2024, os especialistas estavam esperançosos por uma trégua, mas isso não aconteceu. O El Niño se encerrou, mas o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, reflexo do aquecimento global, fez com que o padrão de chuvas continuasse alterado e, com isso, ela seguiu abaixo da média.

Enquanto tudo isso acontecia, o país bateu recorde de temperaturas máximas. Isso tornou tudo ainda mais seco porque faz aumentar a evapotranspiração, que é o movimento das águas dos rios evaporarem. Em geral, elas se transformam em umidade e, depois, voltam ao rio com chuva. Mas isso não estava acontecendo.

 

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