Com apenas cinco vacas a mais no rebanho, o produtor Áureo Carvalho multiplicou por oito a produção de leite na Fazenda Cachoeira das Antas, em Santa Rita de Caldas (MG). Em dois anos, passou de 200 para 1.700 litros por dia após aderir ao programa de agropecuária regenerativa da Danone, que combina práticas de bem-estar animal, manejo de solo e bonificação pelo leite sustentável.
“Hoje temos mais consciência dos problemas climáticos. As chuvas estão atrasando, é frio e seca fora de hora. Se não melhorar a relação com o meio ambiente, é pior para todos”, conta Áureo Carvalho, dono da propriedade.
O programa, chamado Flora, oferece assistência técnica e paga um valor adicional pelo litro de leite produzido com menor impacto ambiental. Segundo publicação da Capital Reset, o incentivo financeiro tem dado resultado: os produtores que integram o projeto no Brasil tiveram aumento médio de 17% na renda nos últimos cinco anos.
Ao adotar técnicas de menor compactação do solo e evitar a aragem profunda, Carvalho passou a gastar menos com diesel e fertilizantes. O conforto dos animais também entrou na conta: sombra, ventilação e água fresca contribuíram para melhorar a saúde do rebanho e reduzir em 42% as emissões de metano.
Agropecuária regenerativa
Diferente de modelos convencionais ou certificações padronizadas, a agropecuária regenerativa não segue uma cartilha única. Cada produtor adota práticas específicas de acordo com as características da sua propriedade, sempre com o objetivo comum de regenerar o solo e manter o equilíbrio dos ecossistemas.
Na Fazenda Cachoeira das Antas, os primeiros resultados vieram com a melhoria da saúde do rebanho, medida pela redução da contagem de células somáticas e de bactérias no leite.
A mudança no manejo do solo também trouxe impacto direto na produtividade: ao evitar a compactação e reduzir a aragem, o produtor conseguiu preservar a matéria orgânica, aumentar a produção de alimento para o gado na mesma área e diminuir os custos com fertilizantes e óleo diesel.
“O agrônomo nos ensinou que ao não deixar a terra compactada, o que preserva a matéria orgânica no solo, você aumenta a produção de alimentação para vacas, no mesmo número de hectares e com menos custos de fertilizantes”, conta Carvalho. “Ao reduzir a aragem, gastamos menos óleo diesel e horas de trator.”
Compromisso climático da Danone e foco do programa Flora
A Danone está entre as grandes empresas do setor alimentício que assumiram compromissos públicos com a agricultura regenerativa, ao lado de AB InBev, Bunge, Cargill, Coca-Cola, Heineken, Pepsi e Unilever.
Na prática, seu protocolo adotado no programa orienta os produtores em mudanças no uso da terra, recuperação de áreas degradadas, manejo adequado de dejetos e na integração lavoura-pecuária-floresta. O foco está em práticas que reduzam o impacto ambiental da produção leiteira sem comprometer a rentabilidade.
Hoje, quase metade do leite comprado pela Danone no Brasil vem de fazendas com esse modelo. A empresa já anunciou que pretende replicar o programa em países como Índia e Marrocos, dentro das metas globais de reduzir em 30% as emissões de metano até 2030 e atingir emissões líquidas zero até 2050.
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