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Uso excessivo de agrotóxico em MT contamina solo e água de três cidades

Uso excessivo de agrotóxico em MT contamina solo e água de três cidadesHorta argroecológica em Mirassol D’Oeste está contaminada. Foto: Flávio André/Fase

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O Estado de Mato Grosso registrou o uso de 142.738,855 kg de princípios ativos de agrotóxicos, o que o coloca na posição de Estado brasileiro que mais utiliza substâncias tóxicas na agropecuária. A afirmação é do relatório “Agrotóxicos no Pantanal”, realizado pela Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), baseado em dados de 2021.

De acordo com o levantamento, Poconé, Cáceres e Mirassol D’Oeste, municípios analisados pelo estudo, foram seriamente afetados com importante quantidade de substâncias que contaminam o solo e principalmente os recursos hídricos.

Em maio 2021, a FASE realizou, em parceria com o Instituto de Saúde Coletiva – ISC e Núcleo de Estudos Ambientais, Saúde e Trabalho – NEAST da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT,  coletas de águas da chuva, rios, córregos, cachoeiras, poços artesianos, caixas d’água de escolas rurais, e tanques de piscicultura em quatro comunidades rurais nos municípios de Poconé, Cáceres e Mirassol D’Oeste.

De acordo com o relatório, as amostras de água coletadas nas comunidades quilombolas de Jejum e Chumbo, em Poconé, onde vivem aproximadamente 450 famílias, apresentaram até 8 tipos de agrotóxicos.

As águas da chuva dessas mesmas comunidades, que se encontram cercadas por áreas de monocultivos de soja e pastagem, diz a pesquisa, apresentaram até 3 tipos de agrotóxicos.

Nos tanques de piscicultura de Jejum e Chumbo foram encontrados 7 tipos de agrotóxicos , o que impacta diretamente na segurança alimentar e nutricional dessas famílias, como alerta a FASE.

Mirassol D’Oeste

Em Mirassol D’Oeste, outra situação extremamente preocupante: as águas do Rio Bugres apresentaram 7 dos 10 ingredientes ativos presentes nas amostras analisadas.

O rio abastece o assentamento Roseli Nunes, onde vivem 331 famílias que utilizam esta água para consumo e nas atividades agrícolas. Neste assentamento grupos de agricultores/as da Associação Regional de Produção Agroecológica – ARPA, geram renda a partir da comercialização de alimentos livres de agrotóxicos”, diz um trecho do relatório.

Ou seja, a contaminação das águas por agrotóxicos inviabiliza o trabalho em agroecologia, causando perdas sociais e econômicas a estas famílias.

As amostras de água coletadas na caixa d’água que abastece a Escola do Assentamento Roseli Nunes, que atende 400 alunos também apresentaram resíduos dos agrotóxicos

Cáceres

Em Cáceres, as águas do córrego Periquito, dos poços e a cachoeira do assentamento Facão foram identificadas até 2 tipos de agrotóxicos – Tiobencarbe e Clomazone, diz um trecho do relatório.

A contaminação das águas da Cachoeira do Facão afeta diretamente a vida da população cacerense, que diariamente abastece garrafões de “água mineral” na mina da cachoeira para consumo, além de ser um dos pontos de lazer para banhos do município.

“A partir dos dados apresentados salientamos que a detecção de agrotóxicos em água, em qualquer concentração, estejam eles listados nas portarias ou não, indica risco para a população exposta e para o ambiente”, afirma o relatório.

 Fonte: Fase

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