HomeEconomia

Crise climática ampliou fome no mundo em 2024

Crise climática ampliou fome no mundo em 2024Clima causou perdas humanitárias e econômicas. Foto: Reprodução/Agência Brasil

Impactos do clima na agricultura reforçam necessidade de expansão do seguro rural, diz Abramilho
Extremos climáticos dizimam 23 mil cabeças de gado em dois meses
Orçamento contra desastres climáticos pode ser reduzido em R$ 200 mi

Por André Garcia

As mudanças climáticas intensificaram os desastres naturais e agravaram a crise alimentar em várias regiões do mundo em 2024. Segundo o relatório Estado do Clima Global 2024, publicado nesta quarta terça-feira, 19/3, pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), até metade do ano, a insegurança alimentar havia sido agravada em pelo menos 18 países.

A realidade climática descrita no documento também ajuda a explicar a intensificação de desastres naturais no Brasil. Ao longo de 2024 o País enfrentou enchentes históricas no Rio Grande do Sul, longos períodos de estiagem na Região Norte e Centro-Oeste, além de ciclones extratropicais no Sul.

Estes desastres naturais geraram perdas econômicas superiores a US$ 12 bilhões, segundo o relatório Climate and Catastrophe Insight, da consultoria global Aon.  No caso do Rio Grande do Sul, mais de 80 mil pessoas foram deslocadas e pelo menos 182 morreram.

No período, em todo o mundo a produção agrícola foi duramente afetada, com perdas significativas em áreas de cultivo e pastagens. Os impactos de secas prolongadas e alta nos preços dos alimentos recaíram principalmente sobre populações vulneráveis, reforçando a urgência de investimentos em resiliência climática.

Destruição

Em todo o mundo, tempestades tropicais, inundações, secas e outros eventos extremos provocaram a destruição de moradias, perda de colheitas e impactos severos sobre ecossistemas e infraestrutura. Tudo isso também resultou no maior número de deslocamentos forçados por eventos climáticos desde 2008.

Entre os eventos de maior impacto em 2024, a OMM cita os furacões Helene e Milton, que atingiram a costa oeste da Flórida, nos Estados Unidos, causado prejuízos de bilhões de dólares, e as mais de 200 mortes registradas em consequência das enchentes causadas por Helene — o maior número desde o furacão Katrina, em 2005.

Investimento em resiliência

Diante do Cenário, a OMM reforça que o investimento em serviços climáticos, hidrológicos e meteorológicos é essencial para reduzir perdas humanas e materiais, já que a ampliação da cobertura dos sistemas de alerta pode salvar vidas e permitir respostas mais eficientes diante de fenômenos extremos.

Para o secretário-geral da ONU, António Guterres a adaptação às mudanças climáticas deve ser tratada como prioridade pelos governos, incluindo políticas públicas voltadas à proteção de comunidades vulneráveis, segurança alimentar e infraestrutura resiliente.

“Nosso planeta está emitindo sinais de socorro cada vez mais intensos, mas este relatório mostra que ainda é possível limitar o aumento da temperatura global a longo prazo a 1,5°C. Os líderes precisam agir agora para tornar isso realidade, aproveitando os benefícios das energias renováveis limpas e baratas para suas populações e economias”, concluiu.

 

LEIA MAIS:

Desastres climáticos no Brasil aumentaram 460% em 32 anos

Orçamento contra desastres climáticos pode ser reduzido em R$ 200 mi

Desastres naturais já causaram prejuízos de pelo menos R$ 37,3 bi

PEC cria reserva de 5% de emendas para combater desastres naturais

Agropecuária é o setor mais prejudicado por desastres climáticos

Oficina traça diretrizes federais para prevenção de desastres climáticos

Agro é o setor que mais perde dinheiro por causa do clima

Crise climática ameaça transformar Cerrado em deserto