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Mais de R$ 806 mi em crédito rural foram negados a quem desmata

Mais de R$ 806 mi em crédito rural foram negados a quem desmataMonitoramento é feito com base em imagens de satélite. Foto: Agência Brasil

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Por André Garcia

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) negou R$ 806,3 milhões em crédito rural a produtores com propriedades que apresentaram indícios de desmatamento ilegal. Foram 3.723 alertas entre fevereiro de 2023 e abril de 2025, o equivalente a 1% das 337 mil solicitações de financiamento recebidas no período.

Divulgado nesta quinta-feira, 5/6, Dia do Meio Ambiente, o levantamento mostra que o volume de solicitações de crédito não contratado chegou a quase R$ 1 milhão por dia. Só no mês de abril deste ano, o volume de crédito evitado para quem possui indício de desmatamento ilegal foi de quase R$ 25 milhões.

Os empréstimos do BNDES a produtores rurais atendem 95% de todos os munícipios do país, por meio de uma rede parceira de 70 instituições financeiras.

“O BNDES é um grande parceiro do agronegócio e da pecuária, mas não é complacente com o agronegócio que destrói o meio ambiente. O banco acredita e apoia a agropecuária que tem o meio ambiente como aliado, que inova e é sustentável. O tempo do crédito para o agro que desmata já passou”, disse o presidente do banco, Aloizio Mercadante.

O monitoramento é feito com base em imagens de satélite do MapBiomas, cruzadas com os dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR). A partir disso, a plataforma envia alertas automáticos que travam a liberação do crédito. Mesmo que o embargo esteja em outra propriedade do mesmo dono, o financiamento é negado.

Centro-Oeste teve 1% das propostas com alerta

No Centro-Oeste, 0,8% dos R$ 20,1 bilhões solicitados em crédito rural foram bloqueados por causa de alertas de desmatamento ilegal. Ao todo, 1% das 22,3 mil propostas analisadas apresentaram esse tipo de irregularidade, segundo os dados da parceria entre BNDES e MapBiomas.

Já a região Norte teve o maior percentual de crédito negado: 2,2% dos R$ 4,3 bilhões pedidos. No Nordeste, 2,8% das propostas apresentaram alertas ambientais, o maior índice entre as regiões, o que resultou no bloqueio de 1,6% dos R$ 5,95 bilhões solicitados.

O Amazonas lidera entre os estados: 6,25% das solicitações de crédito rural apresentaram indícios de desmatamento, o que resultou na negativa de 12,64% dos quase R$ 13 milhões pedidos ao banco. Outros estados com alta incidência de bloqueios incluem Tocantins, Acre, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte.

Rastreabilidade acelera fiscalização

A integração entre os dados do MapBiomas e o sistema operacional do BNDES é totalmente automatizada. Isso permite agir com rapidez, tanto no bloqueio preventivo quanto na suspensão de contratos já assinados, caso novas irregularidades sejam detectadas durante a vigência do financiamento.

Caso o produtor não comprove a regularização ambiental no prazo de 12 meses, o contrato é encerrado antecipadamente. O mesmo ocorre se ele deixar de cumprir medidas acordadas com os órgãos ambientais — nesse caso, o banco exige o encerramento em até 30 dias.

“A tecnologia e uma governança rígida nos permitem atuar com agilidade e precisão na análise do crédito e atender à urgente agenda de enfrentamento das mudanças climáticas”, completou Mercadante.

 

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