Por André Garcia
O mundo precisa de cada vez mais de comida, energia limpa e minerais para se sustentar, e poucos países estão tão preparados quanto o Brasil para entregar tudo isso ao mesmo tempo. Pelo menos, é nisso que aposta a consultoria internacional Boston Consulting Group (BCG), em seu relatório mais recente sobre o País.
Após anos de recuperação econômica e enfrentando sucessivos choques globais, especialistas destacaram a entrada em um ciclo que pode transformar vantagens naturais em estratégia de crescimento. E o agronegócio é o setor que se concentra algumas das maiores oportunidades desse novo momento.
O Brasil já é líder em alimentos estratégicos, com forte presença em soja, milho, café, algodão, carne bovina e frango, e o Cerrado se consolidou como uma das bases da agricultura mundial, respondendo por 6% da produção global de carne e milho, 9% do algodão, 25% da soja e 27% da cana-de-açúcar.
Além disso, o setor responde por cerca de 60% da energia renovável gerada no País. A força econômica também é evidente: o agronegócio deve alcançar 29,4% do PIB brasileiro em 2025, apoiado por ganhos tecnológicos que avançam rapidamente no campo e ampliam produtividade, rastreabilidade e acesso a mercados mais exigentes.
Valor a partir dos recursos biológicos
O relatório aponta seis oportunidade para aproveitar as vantagens brasileiras, começando pela bioeconomia, estratégia diretamente ligada ao agro. É aí que entram os mercados globais de créditos de carbono, projetos de regeneração florestal e modelos agroflorestais , de rastreabilidade ambiental e gestão de resíduos.
“O Brasil tem ativos biológicos, minerais, energéticos e humanos necessários para ganhar vantagem competitiva, e eles permanecerão por muito tempo”, avaliou João Paulo Ferreira, CEO da Natura, empresa de cosméticos que adota modelos de negócios regenerativos.
Esta é uma das diversas megatendências globais que hoje convergem com os pontos fortes do Brasil, que tem um mercado consumidor de US$ 1,3 trilhão, o oitavo maior do mundo. Não à toa, líderes empresariais citados pela consultoria meses enxergam uma oportunidade rara para um novo ciclo de crescimento.
“Se bem aproveitadas, essas vantagens naturais podem reposicionar o Brasil no cenário mundial”, disse Pedro Passos, CEO da Anima Investimentos. “O essencial é transformar esses ativos em vantagem competitiva”, acrescentou.
A infraestrutura, porém, continua sendo o maior gargalo — e também uma das maiores oportunidades. O Brasil deve alcançar US$ 50 bilhões em investimentos em 2025, mas especialistas estimam que seriam necessários cerca de US$ 90 bilhões anuais por uma década para destravar a logística, reduzir custos e elevar a competitividade da produção.
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