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Biofertilizantes e plantio direto garantem produtividade, diz estudo

Biofertilizantes e plantio direto garantem produtividade, diz estudoEstratégias são mais efetivas considerando mudanças climáticas. Foto: Wenderson Araújo/Trillux/CNA

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Por André Garcia

A intensificação da agricultura aumentou o uso de fertilizantes nitrogenados, importantes para manter o rendimento dos grãos. Por outro lado, potencializou as emissões de óxido nitroso (N2O), um dos gases do efeito estufa (GEE), o que, devido ao aquecimento do Cerrado nos próximos anos, deverá derrubar a produção de grãos.

O cenário exige a adoção de alternativas biológicas ao uso de adubos químicos, sobretudo os fertilizantes nitrogenados. É o que mostra estudo da Embrapa Cerrados, que também destaca a necessidade de que os produtores adotem sistemas agrícolas que utilizam plantas de cobertura como o Plantio Direto.

A pesquisa aponta que, apesar de uma redução de produtividade projetada para os próximos 50 anos, esse sistema traz melhores resultados. De acordo com a pesquisadora Arminda Carvalho, a estratégia também emite menos N2O em comparação às práticas convencionais.

“Nossos resultados podem indicar maior resiliência do Sistema Plantio Direto frente às mudanças climáticas, no que diz respeito às emissões de N2O e à produção de biomassa e grãos nas condições da região. No plantio direto, a cobertura vegetal e os resíduos culturais permanecem na superfície e podem melhorar a agregação do solo e estabilidade da matéria orgânica”, diz.

Concentração de N2O no solo

Segundo a Embrapa Cerrados, o aumento na concentração de nitrogênio mineral no solo fornece substratos para reações bioquímicas de produção e emissão de N2O para a atmosfera. Esse processo inclui variáveis como manejo do solo, a rotação de culturas, a sazonalidade das chuvas, a umidade e a temperatura do solo.

“De modo geral, menores emissões de N2O, simuladas ou observadas, podem ser explicadas pela não perturbação do solo (plantio direto) e pela presença de plantas de cobertura, que oferecem maior estabilidade de agregados e predominância de frações mais estáveis da matéria orgânica”, afirma Carvalho.

Contexto da agricultura

Apesar de ser uma atividade essencial, o setor agropecuário tem grande contribuição nas emissões de óxido nitroso, representando 83% de todas as emissões nacionais desse gás na atmosfera como consequência da oxidação da matéria orgânica e de processos microbianos associados ao manejo de resíduos culturais.

Para se ter ideia do problema que isso representa, o potencial de aquecimento global do N2O é de 265 a 298 vezes maior que o gás carbônico (CO2), com tempo médio de 100 anos de permanência na atmosfera.

Frente à crescente procura por alimentos, rações e energias, os pesquisadores acreditam que as emissões de N2O dos solos aumentarão significativamente, caso as práticas de gestão agrícola permaneçam inalteradas.

“Uma melhor compreensão do padrão e das fontes de emissões de N2O dos solos agrícolas é essencial para desenvolver estratégias novas e práticas para limitar a contribuição dos sistemas de cultivo para as alterações climáticas”, aponta a pesquisadora Alexsandra Oliveira.

Vantagens dos fertilizantes biológicos

A pesquisa da Embrapa reforça um movimento crescente do setor, que, como já mostramos, vem alimentando as apostas nos bioinsumos. Com base no controle biológico e na fixação de nitrogênio no solo, eles barateiam a produção garantindo, a partir de tecnologias sustentáveis, eficiência no controle de pragas e na fertilização.

Em ascensão, este mercado vem movimentando bilhões de reais e promete ocupar cada vez mais espaço nas lavouras. Não à toa, a multinacional brasileira Amaggi anunciou no ano passado investimento de US$ 15 milhões na construção de fábrica para produção de insumos biológicos, em Sapezal (MT).

A questão também vem sendo discutida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e na Câmara Federal, onde tramita o projeto de lei 3.668/2021,  aprovado no Senado com apoio da indústria e do setor de produtos orgânicos.

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