HomeEconomia

Produtores rurais são remunerados por conservação ambiental

Produtores rurais são remunerados por conservação ambientalFoto: Liga Do Araguaia/Divulgação

Força da agricultura brasileira freia alta de preços no mundo, diz FAO
Importância das agroflorestas para um futuro mais sustentável
Café Robustas Amazônicos tem 1ª colheita nos campos da Empaer

O que era aspiração virou realidade: o produtor rural passou a ser recompensado financeiramente por preservar o meio ambiente. Isso graças a uma parceria entre o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e a Liga do Araguaia para a execução do projeto CONSERV no Araguaia, privado e de adesão voluntária que reconhece o papel do produtor rural na manutenção de mata nativa. Os seis produtores selecionados são do Médio Vale do Araguaia e serão apresentados em evento on-line no dia 3 de maio, pelo Youtube do Ipam.

Lançado em 2020 e desenvolvido pelo IPAM – em parceria com o EDF (Environmental Defense Fund) e com o Woodwell Climate Research Center -, o CONSERV opera em municípios de Mato Grosso, nos biomas Amazônia e Cerrado.

“Depois de 43 anos cuidando de uma floresta, não deixando fogo entrar e ninguém desmatar, agora com os meus 73 anos, acredito merecer receber alguma compensação financeira pelos serviços prestados à natureza e para a população. Cuidar de floresta custa muito caro”, afirmou Luiz Ferreira, da Fazenda Brilhante, em Barra do Garças (MT).

A Liga do Araguaia busca promover o desenvolvimento econômico e social da região do Médio Araguaia matogrossense, por meio do aumento da produtividade e da renda, respeitando a legislação vigente e os limites dos sistemas naturais, mostrando na prática uma pecuária sustentável capaz de aliar produção e conservação.

“O que me motivou a entrar no CONSERV no Araguaia foi a possibilidade de aliar o fator financeiro com a conservação do meio ambiente. Durante muitos anos minha família conservou a propriedade que veio dos meus avós, e conservar despende dinheiro. O CONSERV no Araguaia nos ajuda a seguir nesse caminho da preservação”, afirmou Dilermando Francisco Lunardi, pecuarista em Araguaiana (MT).

Outro produtor rural de Barra do Garça, Carlos Roberto Della Libera Filho, relata o quão importante é a recompensa ambiental para quem está no campo, já que muitas vezes a alternativa mais usada é abertura de terra com destruição ambiental.

“Pela primeira vez na minha vida de produtor rural, que já é extensa, eu vejo uma ferramenta que surge para nos ajudar. Isso é importante, pois não basta apenas falar para não desmatar; tem que incentivar a não supressão. Se o produtor vai conservar uma área que ele tem direito de abrir, é necessário que ele seja recompensado. O CONSERV no Araguaia está fazendo isso”, afirmou o produtor que adota em sua propriedade o sistema ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) e pratica a suinocultura orgânica, apicultura orgânica e criação de muares.

O pecuarista Vivaldo Costa Águiar, com fazenda em Pontal do Araguaia (MT), conta que sempre entendeu o valor da floresta em pé e, por isso, relutava em derrubá-la.

“A nossa propriedade é pequena, temos poucas áreas abertas e sempre fomos relutantes em suprimir mais, pois sabemos da importância da floresta em pé. Esse projeto permite que continuemos conservando e sejamos remunerados”, disse.

A pecuarista Liliana Maria Crego Forneris, da Fazenda Califórnia, em Novo São Joaquim (MT), também celebra o projeto porque conservação gera custos, o que é um desestímulo ao produtor.

“Sempre fui muito preocupada com a conservação da floresta e do solo. Tenho aversão ao uso da grade, por exemplo. Sei da importância da vegetação para a sociedade como um todo. Porém, preservar e proteger a floresta contra incêndios gera custo ao produtor. O CONSERV no Araguaia faz uma quebra de paradigmas e, pela primeira vez, o produtor passa a ser remunerado por isso”, afirmou ela.

Para o agricultor Geraldo Antonio Delai, da Fazenda Tanguro, em Canarana (MT), a recompensa se transforma numa forma de mostrar à sociedade a convivência real e possível entre o agronegócio e a preservação ambiental.

“O que me levou a participar da iniciativa foi a oportunidade de mostrar para as pessoas que não conhecem o campo que nós, ainda que sejamos eficientes na produção, também conservamos uma parte da propriedade com reservas nativas além daquilo que somos obrigados a preservar”, disse o produtor de soja, milho, gergelim, feijão, girassol, milheto, braquiária, dentro do sistema de integração lavoura-pecuária, com a criação de bovinos com ciclo completo.

Evento

Detalhes do projeto serão apresentados no dia 3 de maio pela Liga do Araguaia e o IPAM, no YouTube, em evento com a participação do banqueiro Cândido Bracher, integrante do conselho de administração do Itaú Unibanco.

O evento contará ainda com apresentações de André Guimarães e Lucimar Souza, diretores do IPAM, Caio Penido e José Carlos Pedreira de Freitas (Liga do Araguaia), além de produtores da Liga do Araguaia que aderiram ao projeto.

Evento:

Valorizando florestas em propriedades privadas: CONSERV no Araguaia
Dia 3 de maio de 2022
Horário: das 10h às 11h30
Local: Youtube do IPAM

Assista

Já conhece o AgroPapo do Gigante 163 no YouTube? A nova edição é com o pecuarista Frederico Simione, membro da Liga do Araguaia. Frederico sempre viu a adoção de inovações sustentáveis como uma grande aliada, não só por conta dos seus impactos sociais e ambientais, mas também pelos inúmeros benefícios que retornam ao próprio produtor. 

Fonte: Liga do Araguaia

LEIA TAMBÉM:
Cerco ‘se fecha’ contra fornecedor de carne ilegal, diz gerente da PCI