O tapete vermelho do mercado europeu está sendo enrolado e, no lugar dele, a União Europeia colocou um scanner de alta tecnologia. A recente missão agroalimentar da UE ao Brasil, liderada pelo Comissário Christophe Hansen, selou o futuro da relação comercial. A mensagem não era de negociação, mas de ajuste técnico: o acesso à elite do mercado exige um pedágio, onde rastreabilidade e a revolução biológica são obrigatórias.
Para os observadores europeus, a fase da retórica sobre ESG foi encerrada. O debate migrou para o campo prático: como utilizar ferramentas que assegurem a sustentabilidade sem sacrificar a produtividade. As informações são do Agrolink.
Maciej Majewski, cofundador da Associação Pomares de Grójec (Polônia), sublinhou que a inteligência de campo é a mercadoria mais valiosa.
“A rota mais rápida para melhores decisões na exploração agrícola é o intercâmbio entre agricultores,” afirmou.
Majewski definiu a proteção biológica de culturas como o “futuro da produção agrícola”, o novo padrão de excelência.
Dados valem mais que grãos
Essa nova realidade de parceria baseada em dados é ecoada por Johan Aberg, diretor de Agricultura da MTK (Finlândia). O produtor brasileiro deve reorientar sua bússola: além de monitorar a cotação da soja e do milho, o foco deve migrar para as “métricas de conformidade de sustentabilidade” — a redução da pegada de carbono e a expansão do uso de bioinsumos.
Segundo Aberg, esses indicadores ambientais são os selos que desbloqueiam o acesso a mercados de maior valor, como o de “laticínios de alta qualidade e alimentos ricos em proteínas”, áreas onde a Finlândia procura ativamente parcerias.
Ambos os lados concordam que os extremos climáticos são a principal fragilidade do comércio. Por isso, a agricultura de precisão e a gestão avançada de dados são vistas como as âncoras tecnológicas essenciais para blindar a produtividade do agronegócio nos dois continentes.

