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Registro de armas de fogo cresce 219% na Amazônia Legal, em 3 anos

Registro de armas de fogo cresce 219% na Amazônia Legal, em 3 anosNo Brasil, o aumento foi de 130,4%. Foto: Agência Brasil

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Entre 2018 e 2021, o registro de armas por pessoas físicas na Amazônia Legal cresceu 219%.  A conclusão é da terceira edição do boletim “Descontrole no Alvo”, publicado pelo Instituto Igarapé, na sexta-feira, 21/7.

Ainda que em todo o país a facilitação do acesso a armas e munições, decorrentes das diversas alterações realizadas  pelo governo federal desde 2019, tenha ampliado o número dos arsenais em circulação, o ritmo do aumento na região amazônica foi ainda maior comparado ao restante do país (130,4%).

De 57.737 armas registradas em 2018 na Amazônia Legal, o número saltou para 184.181 em 2021. A  região é formada por nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão.

Verdadeiro arsenal

De acordo com o estudo, chama a atenção o aumento expressivo de armas registradas por Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs) na região, que desde 2018 foi de quase 300%.  Com menos limitações nestes casos, os CACs podem constituir um verdadeiro arsenal.

Atiradores esportivos podem possuir até 60 armas, sendo 30 de uso restrito, como os fuzis semiautomáticos, e os caçadores esportivos tem um limite de até 30 armas, sendo 15 de uso restrito. O estudo destaca o crescimento das armas registradas por caçadores, considerando que a única espécie cuja caça é permitida no Brasil é o javali e que tem pouca presença na região amazônica.

Segundo o “Relatório sobre áreas prioritárias para o manejo de javalis”, publicado pelo Ibama em 2019, a ocorrência de javalis foi registrada em 1.536 municípios do Brasil. Destes, apenas 125 estavam na Amazônia Legal, localizados no Acre (4), Amazonas (7), Maranhão (21), Mato Grosso (51), Pará (7), Rondônia (15) e Tocantins (20).

“O aumento da circulação legal de armas na região em ritmo ainda maior do que no restante do país é muito preocupante. No complexo ecossistema de crimes e ilegalidades, essa constatação é um alerta importante”, analisa Melina Risso, diretora de Pesquisas do Instituto Igarapé. “É fundamental que os órgãos de segurança pública da Amazônia Legal avancem em suas capacidades de rastreamento sistemático das armas apreendidas usadas em crimes para identificar sua origem”, concluiu.

Mortes por arma de fogo

É importante destacar que as mortes por armas de fogo também aumentaram na região. Enquanto no Brasil os homicídios por arma de fogo caíram 15% quando comparamos os anos de 2012 e 2020, passando de 40.071 para 33.993, a Amazônia Legal viu esses crimes aumentarem 4% no mesmo período, indo de 5.537 para 5.780. Em 2012, 14% dos homicídios com arma de fogo registrados no Brasil foram cometidos na Amazônia Legal. Oito anos depois esse volume havia subido para 17%.

A região foi na contramão da tendência de redução de homicídios no país. Analisando os anos de 2012 e 2020, o número de mortes caiu 13% no Brasil: de 57.045 em 2012 para 49.898 em 2020. Na Amazônia Legal, contudo, houve um aumento de 2% nos homicídios, passando de 8.936 em 2012 para 9.084 em 2020.

Fonte: Instituo Igarapé