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Solo fértil reduz adubo sem perder produtividade

Solo fértil reduz adubo sem perder produtividadeÁreas consolidadas em plantio direto permitem ajuste fino das adubações. Foto: Embrapa

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Por André Garcia

A Embrapa validou uma estratégia que pode ajudar o produtor a reduzir o gasto com fertilizantes em áreas de Cerrado já corrigidas. O estudo mostrou que, em solos de alta fertilidade, é possível manter a produtividade da soja e do milho usando apenas a adubação necessária para repor o que foi levado na colheita.

A técnica é conhecida como adubação de restituição e funciona com base no balanço de nutrientes do talhão. Ela ganha importância em um cenário de custos apertados. De acordo com a primeira estimativa do Imea para a safra 2026/27, mesmo com alguns insumos mais baratos, o custo total da soja deve subir.

O custeio ficou em R$ 4.158,80 por hectare, queda de 0,54 por cento. Já o Custo Operacional Efetivo subiu para R$ 5.838,43 por hectare e o Custo Operacional Total alcançou R$ 6.517,79 por hectare. No fim da conta, o Custo Total avançou para R$ 8.039,49 por hectare, 4,74 por cento acima da safra passada.

“É uma estratégia de manejo nutricional inteligente para solos de fertilidade construída, ao prevenir déficits ou excedentes de nutrientes, contribuindo na busca por desempenho produtivo com sustentabilidade ambiental”, detalha o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Álvaro Vilela de Resende, que coordenou o estudo.

Por que muitos solos do Cerrado já não respondem ao adubo

Na prática, a pesquisa da Embrapa mostrou que muitos solos cultivados, há anos no Cerrado, já acumulam grandes quantidades de fósforo e potássio. Nos testes feitos em Unaí, Minas Gerais, durante três safras seguidas, a adubação tradicional não aumentou a produtividade da soja e teve pouco efeito sobre o milho, exceto pelo nitrogênio.

Os pesquisadores compararam três manejos no campo. O primeiro repõe exatamente o que a lavoura tirou. O segundo segue o padrão usado pela fazenda. O terceiro não usa NPK. A soja respondeu igual em todos os casos. No milho, o fator que realmente limitou o rendimento foi o nitrogênio.

Isso mostra que o produtor pode ajustar fósforo e potássio sem risco para a produção, desde que o solo já esteja corrigido. O estudo também avaliou o consórcio com braquiária na segunda safra. A prática não influenciou o milho, prejudicou o sorgo, mas aumentou a produtividade da soja plantada na safra seguinte.

Ajuste por talhão reduz desperdício e mantém o solo fértil

Segundo a Embrapa, usar o balanço de nutrientes evita tanto a falta quanto o excesso de adubo. Esse ajuste pode ser feito por talhão e até automatizado com a tecnologia que muitas fazendas já possuem. A estratégia reduz desperdício, mantém a fertilidade construída e ainda diminui a pegada de carbono da lavoura.

“Ainda persiste a tendência de se utilizarem fertilizantes sempre nas mesmas formulações ou quantidades fixas de N, P e K, recorrentemente, apesar do notável avanço tecnológico e do incremento no potencial produtivo dos ambientes agrícolas no Cerrado”, avalia o pesquisador, Miguel Marques Gontijo Neto.

Na avaliação dos pesquisadores, o produtor não precisa abandonar o manejo que já conhece, mas pode ganhar precisão.  “Além disso, em geral, os produtores não se atentam em calcular o balanço de nutrientes, por desconhecerem o valor dessa informação”, acrescenta.

Menos carbono, mais eficiência e solo preparado para o futuro

Além de resultarem em perda de rentabilidade, ambas as situações também podem implicar maior pegada de carbono do produto colhido, conforme destacado pela pesquisa, que foi publicada na Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira, em edição especial dedicada à COP30, e integra a Jornada pelo Clima da Embrapa.

“Portanto, a estratégia proposta na publicação também pode contribuir para maior eficiência energética e neutralidade ambiental nos processos de produção em áreas de agricultura consolidada no Brasil”, conclui Álvaro Resende.

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