Grandes redes de supermercados europeias, como Tesco, Sainsbury’s, Lidl e Aldi, enviaram uma carta às maiores tradings globais de grãos, incluindo ADM, Bunge e Cargill, pedindo a manutenção da Moratória da Soja na Amazônia.
A carta se refere ao acordo de quase duas décadas que restringe o desmatamento associado ao cultivo do grão suspenso pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), em 18 de agosto, gerando preocupação sobre a reputação do Brasil no exterior. Uma semana depois, a Justiça Federal em Brasília derrubou a decisão do Cade.
A Moratória da Soja, firmada em 2006, impede que tradings comprem grãos cultivados em áreas desmatadas da Amazônia após a data de corte. O pacto é reconhecido por ter reduzido a conversão de floresta em lavouras e por permitir a expansão da produção em terras já abertas.
Na carta, os supermercados alertam que a decisão do Cade representa “uma séria ameaça a este acordo vital” e cobram um posicionamento público das tradings para reafirmar o compromisso.
O documento enfatiza que, embora uma liminar tenha sido decretada para suspender a decisão do Cade, “medidas são necessárias para eliminar qualquer incerteza do mercado neste momento em relação à proteção deste ecossistema vital”.
O texto também adverte que, se a moratória for suspensa, os consumidores e grandes empresas europeias podem aumentar a pressão econômica sobre os exportadores brasileiros.
A iniciativa de pressão foi reforçada pela National Pig Association, do Reino Unido, e por produtores de alimentos privados britânicos.
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de soja, com a maior parte da produção destinada à China para a fabricação de ração animal. Uma possível suspensão da moratória pode afetar a imagem da commodity brasileira e aumentar o risco de boicotes ou restrições comerciais em mercados que priorizam a agenda ambiental.
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